segunda-feira, 16 de abril de 2012

"MOMENTO SAÚDE"

Doença de Kawasaki

Vasculites são doenças que se caracterizam por inflamações das paredes dos vasos sanguíneos causadas por proteínas produzidas pelo próprio sistema imunológico (autoanticorpos). Quando elas se instalam, o fluxo de sangue fica prejudicado e as células que dependem desses vasos para receber oxigênio têm sua função prejudicada.
A doença de Kawasaki é uma das vasculites mais comuns da infância. Em geral, acomete mais os meninos de origem asiática, com idade entre 2 e 5 anos. Uma vez instituido o tratamento, na maioria dos casos, as crianças se recuperam sem sequelas em até 6 meses.
Não se conhece a causa da doença (assim como a da maioria das vasculites). Entretanto, existem algumas hipóteses:
Resposta imunológica: para combater uma agressão, as células de defesa do corpo produzem algumas substâncias com o objetivo de reparar o dano. Os anticorpos fazem parte dessa resposta. Em algumas situações, no entanto, eles podem voltar-se contra o próprio organismo e lesar outras células. Ainda não se sabe por que isso acontece.
Infecções: foi levantada a possibilidade de que a doença de Kawasaki seja causada por um agente infeccioso, uma vez que os sinais e sintomas são parecidos com aqueles de algumas doenças virais. Além disso, há o fato de que ela ocorre em surtos e é mais freqüente no inverno. A constatação de que crianças com menos de seis meses são raramente acometidas pela doença sugere que, durante a amamentação, a passagem de anticorpos maternos fortaleça a imunidade dos bebês.
Fatores genéticos: a doença é mais comum em membros de uma mesma família e nos asiáticos.

Sintomas

Podemos registrar três fases clínicas distintas da doença.
a) Inicialmente, os sinais e sintomas são febre alta (perto de 40º C), por mais de 5 dias (pode durar até 2 semanas), vermelhidão do tronco e da região genital, olhos vermelhos (conjuntivite), lábios rachados e língua inchada e vermelha (também chamada de língua em framboesa). Dor de garganta e aparecimento de linfonodos inflamados (ínguas ou gânglios), principalmente na região do pescoço, podem ocorrer nessa primeira fase da doença.
b) A segunda fase é marcada por descamação dos pés e das mãos, dores nas juntas, diarreia, dor abdominal e vômitos.
c) Na terceira fase, os sintomas regridem lentamente até a recuperação.
Uma em cada cinco crianças pode apresentar complicações cardíacas, mas menos da metade terá lesões permanentes. Entre elas, destacam-se:
* Miocardite (inflamação do coração);
* Cardiomegalia (aumento do coração);
* Arritmias (alteração no ritmo cardíaco);
* Inflamação das artérias coronárias (que suprem o coração de sangue).
Quando as artérias coronárias são afetadas, podem formar-se pequenas dilatações (aneurismas) que favorecem o aparecimento de coágulos. Estes podem interromper a passagem de sangue pelas coronárias e levar ao infarto do miocárdio. Por isso, o aneurisma
de coronária é a complicação mais temida da doença de Kawasaki. Felizmente, poucas crianças apresentam o problema.

Diagnóstico

Não existem testes laboratoriais específicos para respaldar o diagnóstico, que é basicamente clínico, leva em conta os sinais e sintomas da doença e deve obedecer aos critérios estabelecidos pela American Heart Association. Entretanto, alguns exames de sangue, urina e do coração podem sugerir a manifestação da doença.

Tratamento

O tratamento inicial tem como objetivo reduzir a inflamação e prevenir as complicações. Na maioria dos casos, está indicado o uso do ácido acetilsalicílico e, eventualmente, a administração na veia de uma substância chamada gamaglobulina (proteína que participa do sistema imunológico). Depois dessas primeiras medidas terapêuticas, é preciso investigar se houve complicações cardíacas.

Recomendações

* Procure assistência médica se a criança apresentar febre alta, por mais de 3 dias;
* Mantenha o tratamento prescrito pelo médico, mesmo após a recuperação, se a criança recebeu o diagnóstico de doença de Kawasaki;
* Lembre-se de que o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para evitar as complicações da doença.

Fonte:  Dr. Drauzio Varella

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