quinta-feira, 12 de abril de 2012

ESPERANDO A CHUVA

Fetarn não acredita que haja chuva


A avaliação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Norte (Fetarn) é de que 100% do plantio de regime de economia familiar "está perdido" em virtude da escassez de chuvas, sobretudo nas regiões de sequeiro.

Valter CampanatoNa região Central do Estado, uma das mais prejudicadas, o gado sofre com a falta de pasto e águaNa região Central do Estado, uma das mais prejudicadas, o gado sofre com a falta de pasto e água

Dirigente licenciado da Fetarn, Manoel Cândido da Costa disse que em relação ao inverno, a Fetarn já considera "o momento delicado" e acha que não ocorram mais chuvas fortes este ano: "Não acreditamos mais inverno daqui pra frente".

Manoel Cândido afirma que "já ocorreram prejuízos" nas lavouras  da agricultura familiar relacionadas às culturas de feijão,  milho, sorgo, algodão e até melancia, que em seu município, é uma das mais fortes depois da cajucultura.

Cândido diz que na região Agreste, por ser mais próxima do litoral e em áreas de serras, possa ser que haja alguma safra de fruticultura permanente, como o caju: "Com qualquer chuva pode ser que se produza alguma coisa".

Segundo Cândido, as chuvas do começo do ano trouxeram um certo alívio para encher os reservatórios de água, mas "vamos ter problemas lá na frente" porque os pequenos açudes e barragens "vão secar  mais cedo" pela descontinuidade das chuvas. "A velha solução", continuou ele, será o abastecimento de água por carros pipas nas áreas rurais onde não existem distribuição de água encanada e os poços, em sua  maioria, são de água salobra.

O dirigente da Fetarn informou que a instituição está elaborando um documento para ser entregue à governadora Rosalba Ciarlini, com propostas de convivência do homem do campo com a situação de seca em 139 municípios do Rio Grande do  Norte, os quais vão precisar decretar estado de emergência para passarem a receber recursos do governo federal para enfrentamento do problema da estiagem.

"Vamos elaborar nossa propostas dentro daquelas ações que achamos importante para conviver com essa situação de seca", disse Manoel Cândido, a respeito do documento que deverá ser entregue ao governo ainda em abril, em audiência a ser solicitada à governadora: "Como  fomos sensível em assinar o documento que o governo do Estado mandou para o governo federal explicando a situação, também esperamos que ela nos receba e às nossas propostas".

Ele disse que a decretação da situação de emergência pelos municípios é importante, ainda, para embasar alguma renegociação com os bancos sobre as dívidas dos agricultores, pois mesmo com o seguro-safra, que beneficia os proprietários de terra, quem não possuem terra alguma fica mais prejudicado por não ter acesso a esse benefício.

O meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot, disse que na região semiárida deverá persistir a falta de chuvas, mas adianta que pelo menos no litoral ainda devem ocorrer chuvas deste "resto de abril para frente", passando pelos meses de maio e junho.

"Se os ventos de sudeste continuarem fortes, as chuvas podem atingir alguns municípios da região Central, até chegando no Trairí, entrando com um 'aguaceiro fraco' pelo Brejo da Paraíba", disse Bristot. A questão das chuvas, segundo ele, será inclusive tema de audiência pública na Assembléia legislativa, na tarde de segunda-feira, dia 16.

Prefeitos querem antecipação de decreto
O presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Benes Leocádio, diz que a ausência de inverno "causa muita preocupação" aos gestores municipais, "até porque com a falta de outras coisas, se adia, com a falta de água nenhum ser vivo sobrevive".

Benes Leocádio informa que na região Central, uma das mais secas do Estado, o rebanho de bovinos e caprinos já está morrendo, "sendo levantado nas tipóias" porque passou a ocorrer, também, a falta de pastagem devido à insuficiência das chuvas: "O prejuízo é irreparável para o sustento do rebanho"

Como prefeito de Lajes, a 120 quilômetros de Natal, Benes Leocádio ainda declara que a situação pode se tornar, praticamente, insustentável para os municípios que não terão condições de arcar, sozinho, com o abastecimento de água na zona rural, sobretudo pelo preço cobrado pela água das adutoras, que sai a R$ 3,00 o metro cúbico. "Prefeituras como as de Lajes e Pedra Preta gastam entre R$ 15 e R$ 20 mil com o abastecimento de água na zona rural", disse ele, apesar do serviço que vem sendo  mantido pelo Exército com a chamada "Operação Carro Pipa".

Além disso, Leocádio acha que o governo estadual tem que se antecipar às medidas legais cabíveis, garantindo, "por questão de saúde", água tratada para as populações rurais, indiferente do  que existe na nova legislação da Defesa Civil.

Ele confirmou que o mais breve possível, a Defesa Civil estadual deverá se reunir com os municípios para apressar o reconhecimento da situação de emergência. O governo já informou que no Estado existem 71 municípios abastecidos de água por carros pipas.


Fonte:  Tribuna do Norte

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