segunda-feira, 16 de novembro de 2015

MICROCEFALIA NO PIAUI

Piauí relata aumento de casos

Brasília (AE) - Depois do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Sergipe, mais um Estado relatou aumento súbito de nascimentos de bebês com microcefalia. A Secretaria de Saúde do Piauí informou na sexta-feira ter registrado nas últimas três semanas dez casos entre recém-nascidos e dois intrauterinos. Outros quatro seguem em investigação. Com isso, sobe para 251 o número de notificações da má-formação que, até agora, era considerada um evento raro na pediatria.

Emanuel Amaral
Kleber Luz lembra que há poucos profissionais
 treinados para cuidar de crianças com microcefalia


Crianças com o problema apresentam uma circunferência cefálica menor do que a média e podem ter deficiência mental, motora, problemas de visão e audição. A maior parte dos casos está concentrada em Pernambuco (141), seguido por Sergipe (49). No Rio Grande do Norte, o número de casos em um dia passou de 22 para 30. A Paraíba relata 9. 

Em todos esses Estados, o aumento do número de casos de microcefalia está muito acima da média histórica. No Piauí, foram registrados durante todo o ano de 2013 quatro casos. Ano passado, foram seis. 

O Ministério da Saúde decretou quarta-feira estado de emergência sanitária nacional. Investigações preliminares indicam que a maior parte das mães dos bebês com má-formação apresentaram, durante os primeiros meses de gestação, febre baixa, coceira e vermelhidão. Os sintomas são semelhantes aos provocados pela infecção por zika vírus, uma doença que chegou este ano ao Brasil e afetou sobretudo Estados do Nordeste.

Técnicos do Ministério da Saúde afirmam que essa é a principal suspeita para o aumento de casos. Isso porque o período de surto da doença, ocorrido no início do ano, coincide com o provável período de infecção dos bebês. Ontem, integrantes do Ministério da Saúde fizeram uma reunião a distância com cientistas do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos para discutir os casos registrados no Nordeste. Foram analisados os primeiros achados e os resultados preliminares.

No Rio Grande do Norte, o indicador de crianças nascidas com microcefalia é 11 vezes maior do que o registrado em 2012. Os nascimentos ocorreram em Natal, Mossoró, Macaíba e Currais Novos A Universidade Federal do Rio Grande do Norte está organizando uma rede de referência para assistência a esses bebês. "Eles necessitam de uma atenção especializada. São pouquíssimos os profissionais com treinamento no momento para cuidar dessas crianças", afirmou o professor do Instituto de Medicina Tropical do Rio Grande do Norte Kleber Luz.

De acordo com ele, testes feitos até agora nos bebês e nas mães não identificaram a ocorrência de infecções que geralmente levam a esse tipo de malformação: toxoplasmose, citomegalovírus, herpes e sífilis. Cerca de 80% das mães relataram ter apresentado, nos primeiros meses de gestação manchas, febres e coceiras. 

A má-formação, que pode levar em alguns casos a criança a um processo de retardo mental, convulsões, problemas de audição, visão e motor, é considerada um evento raro na pediatria. No Rio Grande do Norte, foram registrados dois casos em 2012, outros dois em 2013. Em 2014, não houve nascimento de crianças com problema, mas em 2015 já foram registrados trinta.


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