domingo, 30 de julho de 2017

PADRE WALTER COLLINI, UMA HISTÓRIA DE VIDA

Walter Collini: O padre das montanhas


“Quando eu era criança e via padre Walter pensava que ele era Jesus Cristo”.
Os condutores das montanhas

Walter Collini é um condutor de rebanhos. Vindo da Itália, da pequena cidade de Pinzolo, de apenas 2 mil habitantes, encravada nos Alpes da região de Trento, chegou à Martins ainda jovem e conduziu este rebanho por longos 36 anos. Diz que casou e batizou metade de uma geração de fieis seguidores que até hoje o reverenciam. Ao saber que o pároco seria entrevistado, uma leitora postou: “Quando eu era criança, e via o padre Walter entrando na igreja, pensava que ele era Jesus Cristo”. E até hoje assim é visto na cidade como uma santidade.

O menino Walter nasceu em uma família de condutores de colinas. Seu pai, Oscar Collini, também era um homem das montanhas, assim como o avô, e o bisavô trabalharam como guias nas cordilheiras de gelo como instrutores de esqui para turistas que se aventuravam pelas montanhas da região gelada.

Segundo o padre Walter, até hoje as montanhas marcam sua vida, lhes dando norte, posição, tal uma bussola que lhes desafia a alma para as grandes escaladas da sua vida. E por essa proximidade com as colinas e as suas escaladas foi destacado para a paróquia de Martins pelo então bispo Dom Gentil Diniz Barreto. “O bispo disse que me mandaria para uma cidade em que eu não sentiria muita saudade da minha terra, e me mandou para Martins”, frisa.

Vale de Pinzolo Itália Trentino Alto Adige Rendena da vista panorâmica – Foto: Google Imagens.
“A montanha até na bíblia tem sentidos especiais. Elas seriam uma forma de encontro com Deus. Por elas estaríamos mais próximo aos céus e, posteriormente, de Deus. Foi algo que me elevou, me deu uma alma de meditação, de introspecção e de silêncio”, frisa relembrando as montanhas de sua infância.

Padre Walter é um franciscano. Homem sem apego as coisas terrenas e sem posse material. Só carrega consigo sua fé inabalável em Cristo. Diz-se que durante sua estadia de 36 anos em Martins não possuiu um guarda-roupas sequer. Sua cadeira era um saco no qual fazia de banco de trabalho. O banheiro era feito apenas de cimento, sem cerâmica, ou qualquer outra regalia. Não possuiu televisão, e para o carro em que fazia suas peregrinações fosse trocado, um Jipe Willys, foi necessário uma revolução dentro da paróquia, e contra a sua vontade.

Muitos imaginavam, e ainda devem imaginar, que o padre Walter fosse, ou seja, um homem rico. Ledo engano, vive com um salário de aposentado e seus bens e uma política social voltada para a riqueza da alma dos mais necessitados.

Padre Walter nos recebeu na Casa das Freiras, em Martins – Foto: Stenio Urbano
“Nunca quis me apegar as coisas desse mundo, e a gente vive melhor. Minha mãe dizia: “rico não é quem muito tem, mas quem não precisa de muito”. É uma sabedoria que aprendi e procurei vivê-la. Então, realmente, nunca tive um guarda-roupas em Martins. O que havia era um deixado por padre Guido”, afirma o pároco.

Quando veio para o Brasil, trouxera todos os seus pertences em uma mala de papelão e couro. “Deixei tudo para trás. Eu tinha um direito de herança sobre uma casa, mas deixei para meu irmão. Eu não tinha pretensão de voltar a morar na Itália, então eu não tinha o que fazer com uma casa por lá”, explica.

Sobre a história do guarda-roupas, padre Walter explica que ele mesmo construíra um num recanto da parede. Era armado com 3 taboas, um cabo de vassoura para pendurar as camisas e, segundo ele, não havia necessidades de portas. “Esse era meu guarda-roupas. Eu sempre gostei das coisas simples. É meu estilo”.

Sinônimo maior do seu desprendimento sobre as coisas terrenas é que nunca comprou uma casa sequer. O lar em que hoje habita, em Mossoró, foi doado por uma fiel.

“Quando terminei meu trabalho na paróquia, eu me perguntei onde iria morar, pois eu não tinha um lugar onde ficar. Tive várias ofertas, é verdade. Foi então que uma senhora disse para uma pessoa que trabalhava comigo que iria construir uma casa e me ofereceu. Então ganhei de graça um lar para morar, e sem pegar aluguel”, diz o padre.

Aos 11 anos o menino Walter comunicou aos pais o desejo de seguir carreira de padre – 
Foto: Stenio Urbano
Padre Walter hoje é aposentado, mas não significa muita coisa, pois a cada dois meses vem a Martins, seja para celebrar missas como convidado, seja para compromissos pessoais. Diz ser padre tapa-buracos, pois sempre que a Igreja solicita tem compromissos com paróquias da região.

A vocação

Nascido em ambiente totalmente católico, o menino Walter cedo despertou a vocação para a igreja. Já aos 11 anos comunicou aos pais o desejo de seguir carreira de padre. Então ingressou no seminário de Trento, distante 60 quilômetros de Pinzolo, sua cidade natal.

Walter entrou no Seminário no ano em que Oscar, seu pai, falecera. Entretanto, mesmo com a morte, o patriarca havia autorizado que o menino prestasse sua vocação, mas antes pediu que ele refletisse um ano e se mantivesse o desejo poderia ingressar na vida religiosa.

“Minha mãe expressou muita felicidade na escolha. Mas meu pai não! Ele tinha medo de incentivar uma coisa que fosse mais uma ideia de um menino. Então pediu que eu esperasse, só para depois ir ao seminário e me desgrudar da família”, relembra.

Padre Walter passou 15 anos no seminário de Trento, que a época era dividida entre seminário maior e menor. Nesse tempo, entre os anos de 1964, 1965 começava na Itália o Concílio Ecumênico Vaticano Segundo, e muitos bispos brasileiros sabiam que aquela região havia muitos padres, desta feita, em contato com alguns bispos brasileiros e do Nordeste, o agora seminarista Walter Collini viria para no nordeste do Brasil.

Brasil

Eu sabia que não teria muita dificuldade pelo português ser uma língua neolatina
Na época, 80% dos padres brasileiros eram estrangeiros. Desse modo, os bispos do Brasil sempre “importavam” padres de Trento, região rica em formar padres. “Eu sentia um certo chamado para atuar no Brasil. Na diocese da Itália, de aproximadamente 500 mil habitantes, 456 paroquias, cerca de 1.200 padres, e ordenação de 25 ou 30 padres por ano eu seria apenas mais um. Desse modo, decidi vir para um local em que eu pudesse ajudar mais”, frisa o pároco.

“Eu sabia que não teria muita dificuldade pelo português ser uma língua neolatina. E também os costumes do latino americano que seria bem mais fácil que, por exemplo, escolher a África”, relembra.

Na época fora lançado uma encíclica do Papa Pio XII, chamada “o dono da fé” em que desafiava a Igreja Católica a levar um maior contingente possível de padres para os países e continentes com menos vocações, e assim muitos padres se lançaram para estes continentes “inabitados pela fé”.

Chegada à Martins

Eu só sabia dizer duas coisas: “pão com queijo e guaraná”.
Quando o bispo destacou o padre para a paróquia de Martins, disse que essa seria uma forma de ele lembra-se dos Alpes, e também para que o pároco não sentisse tanto a severidade do clima nas cidades abaixo das serras.

“Se eu viesse logo que fosse ordenado padre, em 1973, eu deveria passar ainda 4 anos na Itália, porque eram padres diocesanos, portanto, apenas ‘emprestados’ a outras dioceses por um período, de 5 ou no máximo 10 anos.

“Primeiro, antes de vir, era necessário fazer um estágio lá para que quando na volta a Itália não ter a dificuldade de se inserir novamente nas comunidades de origem. Mas como eu pensava em vir a ficar para sempre, eu quis vir antes mesmo de ser ordenado padre para que eu “incardinar”, ou seja, “ser enxertado”, ordenado padre na paróquia legalmente onde quer que fosse. Então, com isso, fui ao bispo de Trento e perguntei se ele autorizava, e se havia algum pedido de algum bispo do Brasil. Então havia um pedido de Mossoró, que tinha ido a Recife, sabendo que por lá estava um bispo de Trento, e assim se fez chegar essa solicitação. Então rapidamente escolhi o Nordeste, porque eu achava que podia ajudar mais por ser uma região mais pobre, socialmente falando. E também mais carente de padres”.

Eu preferi Mossoró porque não queria ficar com outros padres Italianos para não ‘falsificar’ o meu sotaque. Eu queria aprender rapidamente o idioma. E foi assim que decidi por Mossoró.

Escrevi para o bispo Don Gentil Diniz Barreto, de Mossoró, com uma brincadeira, e ele permitiu que eu viesse. A viagem para o Brasil foi de navio, porque era mais barato. Cheguei ao Rio de Janeiro, e de lá para Mossoró, de ônibus, em uma viagem que durou 54 horas. Eu só sabia dizer duas coisas: “pão com queijo e guaraná”.

Quando bati na porta do bispo de madrugada, falei sobre a carta e disse a ele: “eu sou o padre a quem te escreveu d disse que viria trabalhar na sua paróquia”, e assim ingressei em Mossoró. Depois da chegada a Mossoró, Collini terminou seus estudos no Brasil e foi ordenado padre.

Padre Walter ainda hoje é convidado para missas na Igreja de Martins. 
Foto: Stenio Urbano
Padre Walter chegou ao Brasil no dia 13 de fevereiro de 1973 e foi ordenado padre em 10 de julho do mesmo ano. Em setembro, juntamente com outro padre italiano, padre Guido, que já tinha trabalhado no Brasil, mas há 2 anos havia retornado à Itália, assumiram as paróquias de Martins e de Umarizal.

“Padre Guido era padre Salesiano, e diretor de alguns colégios pelo Brasil, mas estava cansado da vida de diretor de colégio. Então queria fazer uma experiência em paróquias e escreveu para Dom Gentil, que ele já conhecia, para fazer essa experiência de 2 anos em paróquias”, esclarece.

Padre Guido havia colocado como condição para assumir qualquer paróquia de que queria não queria trabalhar sozinho. Então Don Gentil o colocou ao lado de Walter. No início as pessoas diziam que eram o padre e o sacristão, pela diferença de idade entre os dois religiosos.

“Padre Guido não queria ficar somente em uma, mas que andássemos os dois juntos, ficamos com as duas paróquias. Quando chegamos a Martins, o povo olhava e dizia: ‘esse aí mais novo deve ser o sacristão, o padre deve ser o mais velho, mais bonito’, riu.

Tempo em Martins

A gente sente saudade dos lugares, das pessoas
Missa celebrada por pe. Walter.
Foto: Stenio Urbano
Padre Walter saiu da paróquia de Martins em 2010, mas nem a paróquia saiu dele, nem o povo da paróquia de Martins o tiraram dela. Tem uma relação eterna com a cidade, pois sua mãe foi enterrada no solo que cobre esta terra firme e fria. Apesar de vir a cada dois meses, a saudades dos lugares e das pessoas do lugar ainda marcam a vida do padre.

“Desde criança, quando eu sentia saudade de casa aos 12 anos, tive que criar mecanismos psicológico para endurecer o coração, que era de manteiga. Então, apesar de sentir muita saudade, tentei não me apegar nem muito as pessoas e nem as coisas de maneira exagerada, como nosso coração humano quer”, lembra.

Padre Walter batizou entre 12 a 13 mil pessoas em Martins. Como realizou o casamento de outros milhares em sua época, desse modo, em termos de gerações, assim como as batizou, também as casou, e por ventura da vida, também fez muitas missas de sétimo dia.

“Às vezes a gente sente a falta, mas tenta superar. Claro que a gente sente saudade dos lugares, das pessoas e nos primeiros anos eu tentava não vir com frequência a cidade para não atrapalhar o padre que tinha assumido a paróquia. Pelo tempo que passei aqui, eu tinha muitos laços afetivo”s.

Collini sem a Martins sempre que necessário o seu chamado. “Eu agora que me sinto mais livre, sei que não atrapalhar mais a vida de ninguém. Inclusive todos os padres que passam por Martins me convidam para participar das missas, eventos da paróquia”, reafirma.

Recordação dos pais

“A partida de meu pai aprofundou minha relação com Deus e minhas orações”
Collini perdeu seu pai ainda muito criança, com apenas 11 anos de idade, Oscar faleceu aos 42 anos de idade, apenas.

“Meu pai marcou os 11 anos da minha vida. Ele conseguiu semear a probidade, honestidade, a firmeza na palavra dada, pontualidade e organização das coisas. Então ele estruturou para a vida!”, lembra.

Walter herdou do pai, mesmo com a partida daquele ainda quando criança, marcaria sua vida de rigidez.

“A partida de meu pai me aprofundou minha relação com Deus e até nas minhas orações, quando no credo se diz “creio em Deus-pai”… Quando interpretamos no que toca de interagir com quem já partiu para a dimensão celeste”.

Então, esse contato com a morte ainda cedo trouxe a ele sentido de não se apegar com as coisas deste mundo. “A ser mais livre, e olhar mais para o céu, mas também para a terra, pois quem vai até a montanha tem que olhar bem o chão para não tropeçar”.

Claudina Collini, sua mãe, morreu aos 95 anos e foi enterrada em Martins. A matriarca passou os últimos 10 anos de vida na companhia do pároco e segundo conta, era a mulher mais feliz do mundo.

Rádio MINHA Vida FM

“No início tivemos muitas visitas da Polícia Federal, entre 9 a 12 vezes”
Segundo padre Walter, a Rádio Minha VIDA FM nasceu de um sonho que alimentou durante 23 anos após pensar nela. “Pensei no início, não do tamanho que ela tem hoje, mas como um meio de formação, de chegar informação aos meios rurais da diocese”, diz.

Quando nós montamos pensamos em retransmitir alguma rádio que já existisse. Mas a empolgação foi tamanha que tomou conta de nós.

Depois pedimos a licença de uma rádio educativa e na época havia muitas rádios comunitárias e não existia leis que abrangessem a elas. Então nos expomos de certa maneira pela lei. Então tivemos no início muitas visitas da Polícia Federal, entre 9 a 12 vezes. Mas nunca conseguiram fechar, nem confiscar e nem lacrar nada. Depois nos governos do PT houve uma legislação especifica e fomos a primeira Rádio Comunitária no Rio Grande do Norte.

Depois a Rádio ganhou mais profissionalismo, conseguimos dinheiro para as instalações. Depois o programa de José Nilson deu uma seriedade para a rádio, no sentido de buscar ouvir o povo, trazer para a sociedade uma análise feita com objetividade no sentido educativo.

Tínhamos a parte religiosa, inclusive eu cheguei a fazer preparação de crisma através da rádio, aos sábados. Também as transmissões das missas para aqueles que não podiam participar.

A rádio oportunizou também as pessoas da cidade entrarem no meio da comunicação como meio de vida, gerando emprego e renda.

Os padres nas paróquias

“Hoje quem reúne o povo são as tecnologias, o celular”
Por uma política da igreja, hoje é mais raro que os padres passem tanto tempo em uma paróquia como o padre passou em Martins. Perguntado se a questão da rotatividade poderia distanciar os fieis das igrejas, Walter é categórico. “Talvez não seja tão bom que os padres se fixem por muito tempo em uma paróquia para que não nasçam alguns vícios dentro das paróquias, na administração e até em servir ao povo de Deus”.

Como também afirma que é salutar que haja mudanças nos dirigentes administradores políticos das cidades e dos Estados. “As mudanças trazem sempre uma riqueza sempre maior. Por outro lado, os padres que ficam por muito tempo em uma paróquia criam mais laços de afetividade. Por exemplo, a cada dois meses eu tenho visitado Martins, e também nos polos pastorais”.

Esses dias estive em uma comunidade e a pessoa me lembrou que eu havia dado a ela as telhas para a feitura da sua primeira casa.

Também outra pessoa me lembrou que um dos seus filhos havia sido mordido de cobra, e na época tinha o soro antiofídico, e eram duas da madrugada quando vieram à minha casa e eu tinha. O remédio salvou a vida daquela pessoa. Então, é uma proximidade entre a igreja e as comunidades.

Mas até a fisionomia das comunidades mudaram. Era mais fácil reunir o povo antigamente. Hoje quem reúne o povo são as tecnologias, o celular. Então as estruturas das comunidades mudaram.

A vocação

“Se as pessoas procurassem mais a Deus não precisariam gastar tanto dinheiro com psicólogos”
Se eu nascesse de novo eu seria padre de novo. Eu acho que foi Deus quem me escolheu. É Deus quem faz a proposta e nós escolhemos ou não. Eu olhando para trás, fazendo uma retrospectiva sou muito feliz pela minha vida.

Estou aposentado, mas trabalhando em tempo integral. Vivo apenas com o dinheiro que recebo como aposentado. Hoje sou um padre “tapa buraco”. Mas sou um padre missionário, como os médicos Sem-Fronteira, sou um Padre Sem-Fronteiras. A minha paróquia mora no mundo, não está fechada em uma área geográfica. Sou um pároco do mundo onde quer que eu chegue.

Hoje me dedico a assistência espiritual, a confissão, que hoje está um pouco em desuso. Acho que se as pessoas procurassem mais a Deus, talvez não precisassem gastar tanto dinheiro com psicólogos. Até mesmo porque nosso tratamento é gratuito, que é a misericórdia Divina, que é o perdão dos pecados.

Mas resumindo, eu sou muito feliz da minha vocação. Vocação acertada é sinônimo de pessoa feliz, e eu sou uma pessoa feliz.

Aprendi isso também como a minha mãe. Ela em uma UTI, operada do fêmur, com 92 anos, me chamaram porque as enfermeiras não estavam entendendo o que ela estava dizendo. Então quando eu cheguei, perguntei o que era que estava sentindo, e ela me disse que estava no céu, sendo tratada tão bem. E se dizia a mulher mais feliz do mundo, mesmo no leito da UTI.

O céu

“Eu penso todo dia no céu. Vou dormir pensando”.
Por definição o Céu deve ser o lugar da completa felicidade. Não é um lugar de morte, nem de saudade, nem de separação, nem falta de nada, problemas. É a certeza de que quando chegarmos até lá seremos recebidos pelo Deus que mandou seu filho morrer por nós, para salvar toda a humanidade.

Minha mãe me perguntava se eu tivesse um inimigo, se eu teria a coragem de mandá-lo ao inferno por raiva, e eu sempre respondia que não teria essa coragem. Então ela dizia: imagine Deus que é muito melhor que você.

Eu penso todo dia no céu. Vou dormir pensando.

Quando eu estava em Martins, tinha uma mala que ficava a cima do meu armário. Às vezes ela me incomodava e eu queria retirá-la para ter mais ordem no meu quarto de dormir. Mas também eu pensava nela como símbolo de alguém que deve estar sempre pronto para viajar. Então a coloquei ela de frente para a minha cama e escrevi e um pedaço de papel: É hoje senhor? Eu estou pronto!

E todo dia de manhã pode ser o último dia.

Toda madrugada, logo que acordo, sem sair do meu quarto de dormir, eu subo à montanha, como fazia JESUS.

É a minha subida cotidiana ao monte Tabor, o monte da revelação e da transfiguração.

É lá o momento da minha oração mais intensa e da minha intimidade mais profunda com DEUS.


É um encontro silencioso com DEUS, porque as palavras se tornam inúteis, inadequadas. É oração de pura contemplação. Simplesmente mergulho no infinito de DEUS, fico contemplando o AMOR eterno, total e absoluto de DEUS pela humanidade toda. Me deixo absorver por aquele AMOR divino que me diz, e diz para cada ser humano, feito à sua imagem e semelhança: “Eu amo você mais do que seu pai, mais do que sua mãe!”

“Eu amo você mais do que você ama a si mesmo!!”

“EU AMO VOCÊ MAIS DO QUE EU AMO A MIM MESMO!!!”

Como Pedro tenho vontade de dizer: «Senhor eu quero passar toda a eternidade aqui, só ouvindo esta palavra do senhor: “EU AMO VOCÊ MAIS DO QUE EU AMO A MIM MESMO!!!”.

Nem percebo o tempo passar. Meia hora, uma hora, ou duas…
Tenho a impressão que estou dando apenas uma brechadinha pelo buraco da fechadura da porta do Paraíso para me extasiar, só por um instante, com a visão do Céu!

Experimento a verdade da carta aos Hebreus 11,1: “A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a antecipação de realidades que não se vêem!”.

Eu preciso saborear a antecipação do Céu para agüentar as dificuldades, os problemas, os sofrimentos, as provações, minhas e dos outros, ao longo do dia, neste desterro forçado, neste exílio, felizmente só temporário, gemendo e chorando neste vale de lágrimas…

Aqui no Tabor de cada dia, e só aqui, encontro o sentido e a explicação de tudo isso.

Aqui experimento como é bom morar no coração de DEUS, da SS TRINDADE, e DEUS, a SS TRINDADE, no meu coração. Tenho uma sensação de unidade e de unificação em DEUS. Uma fusão em DEUS ou uma efusão de DEUS? Não sei. Só sei que a oração é o “ponto de fusão” do EU com DEUS!

Nessa experiência cotidiana me reporto a JESUS, que, em sua oração, cedo da madrugada, na montanha, ficava a sós com o Pai, mas carregava em seu coração a humanidade toda, principalmente a humanidade sofredora.

Por um lado eu sinto que estou sozinho com DEUS e curto pessoalmente essa intimidade…

Mas também, por outro lado, percebo que não posso ir a DEUS, sem levar toda a humanidade comigo! São todos e todas filhos e filhas de DEUS!

Por isso aqui no monte acontece uma grande celebração com toda a humanidade e com toda a criação: é uma liturgia cósmica, onde manifestamos juntos nossos sentimentos para com nosso DEUS: amor, adoração, louvor, agradecimento, oferta de nossa vida, pedido de perdão…

É aqui que eu unifico, harmonizo e recomponho a fragmentação e o despedaçamento do dia anterior, preparando-me para descer para a planície onde, mais tarde, encontrarei meus companheiros/as de humanidade na cotidianidade do caminho, meus irmãos e minhas irmãs aos quais poderei dizer: “Hoje bem cedo falei de você a DEUS, agora falo de DEUS a você!”
No meu próximo encontrarei o mesmo DEUS que encontrei no monte Tabor.

E ao meu próximo oferecerei o mesmo Amor de DEUS que me transfigurou em um ministro da sua misericórdia…

E assim, na companhia da Mãe de JESUS, dos Santos e Santas, dos Anjos de DEUS, começo MAIS um dia, que é MENOS um dia, para ir morar definitivamente no monte, na casa do Senhor!

(Padre Walter Collini).


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terça-feira, 18 de julho de 2017

A CHIKUNGUNYA ESTÁ DE VOLTA

Minas Gerais confirma mais quatro mortes por febre chikungunya

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Imagem/google
Mais quatro mortes por febre chikungunya foram confirmadas em Minas Gerais, de acordo com boletim epidemiológico divulgado hoje (17) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Dessa forma, chega a cinco o número de mortes em território mineiro em 2017. Há duas semanas, o órgão havia confirmado o falecimento do primeiro paciente vítima da doença.

Todos as cinco mortes confirmadas até o momento ocorreram no município de Governador Valadares. Estes são os primeiros registros de óbitos causados pela febre chikungunya em Minas Gerais. Os primeiros casos confirmados da doença no estado são de 2014. Naquele ano, houve 18 notificações, mas todas foram de pessoas infectadas fora do estado. Somente no ano passado, as primeiras transmissões de febre chikungunya em território mineiro foram confirmadas.

Casos suspeitos

Ainda estão em análise outras 15 mortes, das quais 11 foram em Governador Valadares. Outras duas ocorreram em Teófilo Otoni, uma em Central de Minas e uma em Cuparaque. Ao todo, o número de casos prováveis da doença no estado em 2017 é de 17.510.

A febre chikungunya é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue e do vírus Zika. Os sintomas surgem entre dois e 12 dias após a infecção. A vítima pode ter febre alta, dores intensas nas articulações e nos músculos, dor de cabeça, cansaço, mal-estar e manchas vermelhas na pele. Uma vez curada, a pessoa fica imuninizada para o resto da vida. Não há vacina e a principal medida de prevenção é o combate ao mosquito, sobretudo com a eliminação dos seus criadouros.

Dengue

O boletim da secretaria também mostrou que o estado já contabiliza sete mortes por dengue em 2017. Dois desses óbitos ocorreram em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mas nenhum deles na capital mineira. Há ainda 17 mortes em análise. Ao todo, o estado registrou neste ano 25.607 casos prováveis da doença, o que representa uma queda substancial em relação ao ano passado: em junho de 2016, Minas Gerais já registrava mais de 500 mil casos.

O número de infectados pelo vírus Zika também caiu bastante. Até o momento, os municípios mineiros possuem 873 casos prováveis. Neste mesmo período do ano passado, já eram quase 14 mil casos.


Edição: 
Amanda Cieglinski

Por
Léo Rodrigues 
Correspondente da Agência Brasil
Belo Horizonte

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