O Rio Grande do Norte tem confirmados 30 casos de bebês nascidos com microcefalia entre agosto e este mês. Embora este número seja significativo, tendo em vista que os registros anuais no Estado não passavam de dois casos, em média, o protocolo de atendimento a essas crianças ainda está sendo concluído pela Secretaria de Saúde. Entre as medidas previstas para o documento que vai guiar o atendimento, o Hospital Universitário Onofre Lopes poderá ser referência para o recebimento desses casos. O secretário Ricardo Lagreca, afirma, contudo, que ainda não está confirmado.
Ana Silva
Secretário de Saúde Pública do Estado, Ricardo Lagreca, e
equipe de epidemiologia, falaram sobre a elaboração do protocolo
para atendimento dos casos
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Paralelamente à elaboração do protocolo, a rede de vigilância do Estado também está fazendo um levantamento sobre os casos de zika vírus registrados no Rio Grande do Norte, para que haja a investigação. Os 30 casos notificados se distribuem entre os meses de agosto, setembro, outubro e novembro, em 15 municípios do Estado.
Pesquisas científicas apontam o zika vírus como a mais provável causa desse crescimento exponencial da doença no Rio Grande do Norte. Porém, o secretário afirma que mais investigações são necessárias para a confirmação dessa ligação com a virose.
Estudos mostram que essa anomalia congênita pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens , como o uso de substâncias químicas pela gestante, desnutrição, agentes biológicos infecciosos, como bactérias e vírus, ou mesmo radiação.
Segundo Lagreca, o protocolo para atendimento será definido ao longo da semana. “Estamos adaptando um protocolo que já existe em Pernambuco. Tudo em parceria com o Ministério da Saúde. Portanto, é um problema de interesse nacional”, afirmou o secretário.
O mais provável é que o Estado tenha apenas uma unidade de referência para acolher as crianças recém-nascidas com essa anomalia. Dessa forma, mesmo aquelas crianças nascidas em Mossoró, terceira cidade com maior incidência da doença (ao lado de Parnamirim), deverão ser deslocadas para a capital.
“Uma vez a criança nascida, deverá ser dirigida para um hospital, que está se definindo, onde deverá ser submetida a exames de tomografia, de imagens, sorológicos para saber qual é a relação que tem com alguma patologia virótica, tipo zika, chicungunya, dengue. Mesmo que não seja virose, toxoplasmose por exemplo”, disse o secretário com base no que deve orientar o protocolo.
Também haverá um conjunto de recomendações para a fase pré-natal das gestantes. “As gestantes que tiveram os sintomas da doença [zika vírus] devem ter mais cuidados. Mais avaliações constantes para saber se o crânio [do bebê] está se desenvolvendo bem”, resumiu Lagreca. O Estado solicitou ao Ministério da Saúde equipe para acompanhar os casos registrados de microcefalia, a exemplo do que vem sendo feito em Pernambuco, com 141 casos. O Ministério enviou equipe de Resposta Rápida em Saúde Pública com seis epidemiologistas para trabalhar com profissionais locais.
Zika vírus foi detectado no RN este ano
Esse vírus foi detectado neste ano no Estado em meio a uma epidemia de dengue. O mesmo mosquito que transmite a dengue, o Aedes aegypti, também é responsável por espalhar o zika vírus. O Ministério da Saúde supõe que a zika tenha entrado no Brasil durante a Copa de Mundo de 2014, trazida por visitantes asiáticos. Os sintomas se confundem com os de outras doenças , mas febre baixa, coceira e pontinhos vermelhos no corpo são traços mais marcantes.
Logo quando surgiu, os especialistas falavam que era a mais leve das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Ela é leve no aspecto de que não apresentava a mesma sintomatologia da dengue. Todo mundo ficou sem saber como ela evoluiria e evoluiu dessa forma”, disse o secretário de Saúde. Como o vetor da doença é um velho conhecido da população e das autoridades públicas, não há grandes novidades na prevenção à zika. “É um cuidado que devemos tomar junto com os municípios. É um trabalho que já fazemos de prevenção para que as pessoas diminuam os criadouros dos mosquitos”, falou.
O exame de ultrassom permite que a microcefalia seja detectada ainda durante a gravidez. Entretanto, a Secretaria não possui registro oficial de crianças com microcefalia diagnosticada nessa fase. A Sesap registrou 6.750 casos de zika desde março, mas não soube especificar quantas mulheres foram acometidas.
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