sábado, 8 de setembro de 2012

VACINA CONTRA A DENGUE


Vacina contra a dengue em testes


Em fase de testes há quase dois anos, a vacina contra os sintomas da dengue vem sendo ministrada em 850 crianças e adolescentes natalenses. A pesquisa, desenvolvida na Ásia e na América Latina sob orientação do laboratório francês Sanofi Pasteur, ocorre em cinco cidades brasileiras: Natal, Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Goiânia (GO) e Vitória (ES). O centro de pesquisa local funciona nas dependências do Hospital Infantil Varela Santiago, sob coordenação do médico infectologista Kleber Luz. Os estudos são divididos em duas fases (aplicação e monitoramento), e irão durar três anos antes da substância ter sua eficácia comprovada.

Júnior SantosVoluntários natalenses testam a substância que irá combater os quatro tipos de vírus existentesVoluntários natalenses testam a substância que irá combater os quatro tipos de vírus existentes

"Estamos aplicando a terceira dose da vacina nos voluntários, ministrada de seis em seis meses, e com isso concluímos a primeira fase da pesquisa", explicou o médico. De acordo com Kleber Luz, a avaliação da nova substância segue padrões internacionais de pesquisas, onde metade das pessoas recebem a vacina e a outra metade placebo. "Iremos monitorar os pacientes pelos próximos dois anos, antes de elaborar relatório com os resultados finais". A vacina tem largo espectro, é tetravalente, e a meta é combater os quatro tipos de vírus existentes.

Boa parte dos voluntários que participam da pesquisa são de Felipe Camarão, bairro onde, historicamente, se registra o maior índice de pessoas infectadas pela doença na capital potiguar. As pesquisas em Natal começaram em 2011, e a cidade foi selecionada para participar dos testes pela incidência dos casos e "pela possibilidade de desenvolver os estudos", disse Luz. Segundo o infectologista que coordena a pesquisa no RN, os resultados verificados na Ásia, onde a pesquisa está mais avançada, "são promissores": "A questão agora é atestar a eficácia da vacina nos latino-americanos, saber se haverá alguma reação diferente da constatada nos orientais".

Além do Brasil, o laboratório francês também testa a vacina em Porto Rico, Colômbia e México, entre outros países onde a dengue é considerada uma epidemia. Ao todo cerca de 20 mil voluntários estão envolvidos na pesquisa.

Inseto transgênico combate a doença na Bahia

Paralelo aos estudos da vacina francesa, o Brasil é o primeiro país das Américas a combater o Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue) com uma versão geneticamente modificada do inseto - que nasce com uma disfunção metabólica. A pesquisa com o mosquito transgênico, libertado na natureza de forma controlada, começou em Juazeiro (BA) e tem como objetivo promover o cruzamento entre os machos modificados e fêmeas selvagens.

Durante a fecundação, os machos transmitem um defeito para a prole, fazendo com que morram ainda na fase de larva - fato que poderá acarretar a diminuição de mosquitos e, consequentemente, a redução no número de novos casos.

Os mosquitos mutantes são desenvolvidos pela empresa britânica Oxitec, dentro do Projeto Aedes Transgênico (PAT), e os testes acontecem no sertão baiano desde o ano passado. Durante esse período, a quantidade de mosquitos da espécie onde os estudos estão sendo desenvolvidos já caíram mais de 75%.

Casos de dengue em Natal

Até a primeira quinzena do mês de agosto, foram registrados em Natal, segundo boletim publicado pela Secretaria Municipal de Saúde, 10.323 casos de dengue clássico - número que corresponde a um aumento de 7,35% em relação ao mesmo período de 2011. Os casos mais graves da doença atingiram a marca dos 594 casos confirmados, ou um aumento de 59,24% em relação ao ano passado.


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