segunda-feira, 10 de setembro de 2012

PONTA NEGRA - NATAL/RN

Ponta Negra sob outro olhar


Famosa no mundo inteiro como cartão-portal do Rio Grande do Norte, a praia de Ponta Negra é uma espécie de princesinha do mar dos natalenses, assim como Copacabana é a princesinha dos cariocas. Guardadas as devidas proporções, a praia natalense tem recebido pouca atenção do poder público. As notícias que ganharam manchetes nos últimos meses não são animadoras: calçadão destruído e sem previsão de reparos, falta de infraestrutura básica como banheiros públicos, escuridão em alguns pontos da orla, insegurança, centenas de ambulantes vendendo produtos desordenadamente e, principalmente, a queda no número de turistas na capital. Este último fator traz consequências diretas ao comércio local.

A proposta desta foto-reportagem de O Poti/Diário de Natal é retratar a Ponta Negra sob o olhar de quem pratica algum tipo de comércio na praia. Um ensaio fotográfico tal como foi feito em edições anteriores com a Via Costeira, o porto de Natal e os trens da capital. A modelo da vez - Ponta Negra - está precisando de investimentos tanto do setor público quanto do setor privado para voltar a brilhar soberana no turismo potiguar. Conversando com os comerciantes, é possível perceber que a empolgação de estar ali não é mais a mesma do que foi, por exemplo, há uma década atrás. A nossa princesinha está perdendo a majestade.

À distância, uma bela enseada

De longe a primeira impressão que se tem de Ponta Negra é uma bela enseada e do imponente Morro do Careca. Visão diferente da que pode ser vista na orla, próximo aos quiosques ou andando no calçadão, parcialmente destruído por força das marés que sacudiram a costa da capital entre fevereiro e junho desse ano. Por enquanto nenhum reparo foi feito.

Crepes no cartão de crédito

Formalizar o negócio não é apenas meta dos grandes comerciantes. O vendedor de crepes suíços José Cordeiro colocou o nome do filho, de 8 anos, em uma barraca de crepes. O Crepe do Kauã vende cada petisco a R$ 8, e o proprietário conta que tem muita saída, especialmente nos finais de semana. "Estou procurando abrir formalmente a empresa. Já tenho um rapaz que trabalha comigo e é meu funcionário. Depois quero vender no cartão. O pessoal prefere para evitar sair do hotel com dinheiro", revela.

Lixo tira vaga dos carros

A pastoradora de carros Maria de Fátima Cardoso trabalha cuidando de carros no calçadão da praia de Ponta Negra há mais de cinco anos. Ultimamente ela tem percebido algo diferente no seu ambiente laboral: a quantidade de lixo tem se acumulado, assim como acontece em grande parte da cidade. "A coleta passa, mas não consegue levar tudo. Fica ai, acumulado. Tira até as vagas dos carros".

Sob o sol escaldante, a proteção

Natal tem um dos maiores índices de radiação solar no mundo. Para evitar a ensolação ou outros problemas de pele, nada melhor do que usar protetor solar. Na praia de Ponta Negra, o comércio de protetores não ocorre como no restante da cidade, em butiques e armarinhos. "Eu levo o protetor onde o cliente está. Ele pode comprar sentado confortavelmente em sua cadeira, tomando água de coco e observando o Morro do Careca", diz a vendedora de protetores Sônia Queiroz, que sustenta a família com esse comércio.

Serviços básicos ineficientes

A orla de Ponta Negra não precisa apenas de banheiros públicos. Orelhões estão quebrados ao longo de todo o calçadão, por sinal este também destruído parcialmente por força das marés altas. O proprietário de um quiosque que não quis se identificar disse que também é grande o tráfico de drogas e a prostituição à noite , que fica insegura por falta de iluminação. "Comentam que existe tráfico de drogas entre alguns ambulantes. O turista daqui não vem para cá porque sabe disso. Só ficam nas barracas os que não conhecem".

Vendendo frutas tropicais

O vendedor de frutas tropicais Marcos Antônio Correia dos Santos, 38 anos, trabalha há dezoito anos na praia. Ele vende manga, uva e umbu, frutas genuinamente brasileiras, cujo sabor e cheiro agradam os turistas e pessoas a quem o vendedor tem como clientes. "Trabalho desde 1992 por aqui. Naquela época tinham mais estrangeiros. Agora vem mais gente de São Paulo, Minas Gerais, Brasília", diz. Cada saco de frutas na praia custa R$ 5, bem mais alto valor do que na feira livre.

Caipirinha à beira-mar


Cachaça combina com praia? "Combina sim", avisa o vendedor autônomo Francisco Chico Canindé, 58 anos, que comercializa aguardente de cana à beira-mar, bem perto do Morro do Careca. "Os gringos gostam muito porque é um sabor diferente do que eles são acostumados. Só que ultimamente têm vindo muito poucos estrangeiros por aqui. Alguns turistas preferem trazer sua própria bebida do hotel e apenas alugam a barraca. Mas nos finais de semana normalmente a gente consegue vender bem. Na semana é assim. Até agora não vendi uma caipirinha".

Três realidades
 Ponta Negra era, há cinquenta anos, uma bucólica praia em que apenas algumas pessoas possuíam casas de veraneio. Nessa época, os pescadores da vila eram os maiores frequentadores. O tempo passou e a imagem mostra que, décadas depois, Ponta Negra foi invadida por milhares de turistas e comerciantes, como é possível ver nas barracas e pessoas tomando banho na praia. Mas eles ainda estão lá: os barcos aguardam, ancorados, os pescadores da vila para cair em alto mar.

Italianos que decidiram adotar Ponta Negra

A praia de Ponta Negra não é a apenas dos natalenses. Centenas de turistas estrangeiros que conheceram Natal se encantaram com o paraíso tropical e decidiram viver aqui. Foi o que aconteceu com o italiano Massimo Cajelli, casado há 10 anos com uma brasileira e que decidiu morar em Natal há três anos, quando alugou um bar de praia na orla de Ponta Negra. "Gosto daqui. Só acho que falta mais atenção do poder público. Falta o mínimo que é um banheiro na praia, sem contar o calçadão e a falta de coleta de lixo", afirma.

Passeios turísticos são uma boa pedida

Se Ponta Negra não é suficiente, os turistas que visitam Natal também podem ter a oportunidade de conhecer o litoral do Rio Grande do Norte de bugue ou quadriciclo. O comerciante Lindom Berg, de 29 anos, disse que ele e seu pai decidiram comprar oito veículos para alugar e proporcionar aos turistas conhecer uma das atividades que tornou famoso o passeio no litoral potiguar. "As pessoas gostam do passeio, e nós somos empreendedores porque decidimos empregar funcionários. O problema é que faltam turistas".




Fonte:   DNonline

Por Sérgio Henrique Santos
sergiohenrique.rn@dabr.com.br
Fotos: Ana Amaral


Nenhum comentário:

Postar um comentário