quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PARQUE NACIONAL FURNA FEIA



Furna Feia: primeiro parque nacional do RN

Com 8,4 mil hectares e 213 cavernas em seu interior, o Parque Nacional Furna Feia, localizado entre Baraúna e Mossoró, está previsto para ser simbolicamente inaugurado na manhã de hoje pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio),  Roberto Vizentim, por volta das 9h30, numa solenidade preliminar  durante o VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) no Centro de Convenções, que se encerra amanhã. A governadora do estado, Rosalba Ciarlini, deve participar da apresentação daquele que é considerado o mais novo do Brasil e o primeiro no Rio Grande do Norte.

Diego BentoA principal caverna do Parque Furna Feia tem 766 metros de extensão. A área tem catalogadas outras  212 cavernas nos 8,4 hectaresA principal caverna do Parque Furna Feia tem 766 metros de extensão. A área tem catalogadas outras 212 cavernas nos 8,4 hectares

A principal caverna do Parque Furna Feia fica a cerca de 300 quilômetros de Natal e tem 766 metros de extensão. É  a mais importante atração do mais novo parque nacional brasileiro, criado pela presidenta Dilma em junho, dentro do pacote de medidas anunciado às vésperas da Rio+20. Há três anos, nenhuma área de proteção ambiental nacional havia sido criada no país.

Vizentim alegou que a ideia (vide entrevista) é aliar a conservação do meio ambiente e estimular o turismo sustentável, gerando emprego e renda para os moradores da região. Nesse sentido, o ICMBio já pensa em incluir a unidade no Programa Parques da Copa, dos ministérios do Turismo e do Meio Ambiente, que visa a estruturar vários parques nacionais em todo o país para servir de opção de lazer para os brasileiros e estrangeiros durante os intervalos dos jogos do campeonato mundial de futebol em 2014.

Amanhã, às 19h30, a apresentação oficial do Parque Nacional da Furna Feia ocorrerá no Memorial da Resistência, em Mossoró. Uma visita está agendada na sexta-feira pela manhã, com ambientalistas, representantes dos setores produtivos e membros do governo.

De acordo com informações da Valor Econômico, a nova área protegida sob a pressão de atividades econômicas que se expandem na região, principalmente a mineração de calcário, insumo que abastece indústrias de diferentes setores, como a de cimento. "Foi necessário abrir mão de 700 hectares para evitar conflitos com requerimentos de lavra já protocolados no Departamento Nacional de Produção Mineral", informa Diego Medeiros Bento, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (CECAV), órgão federal que elaborou estudos para a criação da unidade de conservação.

"Há dez anos, apenas três cavernas eram conhecidas na região, e quando as demais começaram a ser descobertas, surgiu a proposta de protegê-las e usá-las como instrumento para gerar renda por meio do turismo", diz Bento. Ele enfatiza que a questão econômica emperrou o processo que já estava praticamente concluído no ano passado e que "o parque foi finalmente criado graças à Rio+20".

Quase metade da área engloba a reserva legal de um assentamento criado na antiga fazenda da empresa Maísa, grupo agroindustrial pioneiro na fruticultura irrigada na região, que faliu em 2003. "De uma hora para outra mais de mil famílias receberam lotes, sem assistência ou estrutura mínima de produção, com riscos de atividades predatórias", diz Bento.

Os colonos assentados apoiaram a iniciativa de proteger a área, convencidos sobre a possível valorização das terras, a chegada de infraestrutura e o melhor abastecimento de água, além das oportunidades de ganho. "Há muito por fazer para o parque sair do papel, começando pelo plano de manejo, que define seus usos", afirma José Iatagan Mendes, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), órgão responsável pelas unidades de conservação no país. O plano futuro é transformar o Parque Nacional Furna Feia no ponto de partida para um roteiro turístico de cavernas, incluindo o Lajedo da Soledade, no município vizinho de Apodi, ameaçado por fornos de cal abastecidos por rochas que escondem acervos arqueológicos.


Bate-papo

Roberto Vizentin, Presidente do ICMBio

"O Parque Furna Feia tem a maior concentração de cavernas do Nordeste"

Quais características naturais levaram Furna Feia a se tornar um parque nacional?

A primeira característica é que a área tem a maior concentração de cavernas do Nordeste. São 202 cavernas na área do parque e mais 37 na zona de amortecimento. Além disso, por meio do Centro Nacional de Cavernas, que é um centro especializado do ICMBio, realizamos estudos que mostram que a fauna e a flora são bastante representativas na região, o que a torna um importante remanescente do bioma Caatinga.

Que espécies de animais e de plantas foram registradas na região?

Foram encontradas 105 espécies de plantas, sendo que 22 são endêmicas, ou seja, só encontradas na Caatinga, 101 espécies de aves, várias também endêmicas, 23 espécies de mamíferos, além de 11 espécies de invertebrados troglóbios (que só são encontrados em cavernas). Várias das espécies encontradas estão na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção. Os troglóbios são todos espécies novas para a ciência, ou seja, nunca encontradas antes em nenhum outro lugar. O parque abriga, portanto, uma área de grande relevância ecológica e beleza cênica, com grande potencial para turismo sustentável, além de imenso potencial científico e pedagógico.

Como o parque será administrado?

Como trata-se de uma unidade de conservação federal, o parque será administrado pelo ICMBio. A nossa primeira tarefa, nesse sentido, será elaborar o Plano de Manejo, que é o documento que vai disciplinar os vários usos da unidade. Mas já podemos dizer que Furna Feia será administrada como todo parque nacional, que tem os objetivos de pesquisa científica e educação ambiental, além de atividades de recreação e turismo ecológico e de aventura.

Quais benefícios o parque trará para a conservação da região?

Com a fiscalização permanente e legislação de proteção própria, atividades como desmatamento, queimadas e caça predatória serão fortemente inibidas na área do parque. Isso fará com que a área do parque seja uma verdadeira "ilha" de biodiversidade, servindo como refúgio para a fauna nativa.

E para a população?

A população será beneficiada de diversas formas. O fato de morar próximo a grandes áreas verdes já significa melhor qualidade de vida para as pessoas. Após a abertura do parque para visitação, a população será diretamente beneficiada com as atividades turísticas, que vão gerar emprego e renda. Muita gente poderá trabalhar como guia, como condutor de visitante ou desenvolver atividades de serviços, como artesanato, alimentação e hospedagem para oferecer aos turistas. O aumento de pessoas visitando a área certamente vai impulsionar a economia local. Além disso, a população ganhará também com a maior oferta de opções de recreação. As escolas poderão ainda usar áreas do parque para atividades pedagógicas e as universidades poderão utilizar para pesquisa. Enfim, acredito que todos saem ganhando com a criação do parque.

Qual a previsão de abertura do parque à visitação?

Já iniciamos a busca de parcerias no intuito de conseguir recursos para deixar tudo pronto até a Copa do Mundo. Vamos fazer tudo para incluir a unidade no projeto Parques da Copa, que é um projeto dos ministérios do Meio Ambiente e Turismo, que vai estruturar vários parques nacionais para transformá-los em opção de lazer e diversão para brasileiros e estrangeiros durante os intervalos dos jogos do campeonato mundial de futebol, que será realizado em 2014 e tem, no caso específico, Natal como uma das sedes.


Alex Costa - Repórter

FONTE


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