domingo, 24 de agosto de 2014

ANIVERSÁRIO DA ESCOLA DOMÉSTICA - NATAL/RN - PARTE I

Tradição da ED completa 100 anos

Marco na educação e parte da história da capital potiguar modificando hábitos e costumes, a Escola Doméstica de Natal completa 100 anos no próximo dia 1º de setembro. As comemorações se estendem por esta semana até a próxima segunda, com programação voltada para alunos do Complexo de Ensino Noilde Ramalho (Escola Doméstica, Colégio Henrique Castriciano e Centro Universitário do Rio Grande do Norte – UNI/RN) e ex-alunos da ED.


Após uma viagem à Europa, o escritor, poeta e jornalista Henrique Castriciano, irmão da também poeta macaibense Auta de Souza, propôs ao então governador Alberto Maranhão que criasse uma escola para mulheres inspirada nos padrões suíços que conheceu. Para isso, foi criada, em julho de 1911, a Liga de Ensino, uma instituição mantenedora sem fins lucrativos que veio a manter a ED com participação financeira do Governo do Estado – e assim permanece até hoje. 


Alex Régis
Primeira sede da Escola Doméstica foi em antigo prédio na Ribeira

O atual presidente da Liga, Manoel de Brito, conta que a escola surgiu em setembro de 1914, na Praça Augusto Severo, na Ribeira. Para sua fundação, foram trazidas duas pedagogas romenas, Héléne Bondoc e Jeanne Negulesco, que assumiram a direção, sucedidas por outras quatro estrangeiras até 1927, quando assumiu a primeira brasileira: Maria Emiliana Silva. Potiguar, assim como todas que a sucederam na direção da Escola Doméstica, ela permaneceu no cargo por três anos.


Criada com o intuito de preparar as mulheres para atuar tanto no âmbito familiar quanto trabalhando fora de casa, destaca-se a influência da admiração que Castriciano tinha por Nísia Floresta, potiguar considerada pioneira na busca da emancipação da mulher através da educação. No decorrer dos anos, foi observado o impacto da escola na região, alterando hábitos, costumes, alimentação e a vida familiar. 

“A escola tem uma grande marca e é um patrimônio da sociedade por sistematizar o ensino da mulher moderna, tanto com conhecimento e alfabetização, quanto como cidadã e profissional”, avalia a atual diretora, Ângela Guerra. Atribui-se ainda à Escola Doméstica o fato de o Rio Grande do Norte ter sido o primeiro estado brasileiro a conceder cidadania política às mulheres em 1927, cinco anos antes dos demais estados.

No decorrer de sua história, a ED teve quatro diretoras norte-riograndenses antes da que esteve à frente da instituição durante 65 anos. A professora e ex-aluna da Escola Doméstica, Noilde Pessoa Ramalho, dirigiu a instituição durante seu auge, também atribuído ao médico Manuel Varela Santiago Sobrinho, então presidente da Liga. 

Foi na gestão dela que a escola foi usada como salão de visitas do Governo do Estado, foram criados todos os equipamentos esportivos do complexo, bem como uma biblioteca e um teatro, além de estabelecer as aulas de puericultura (cuidados maternos). Já Varela Santiago articulou a negociação com o Governo do Estado tendo em vista a transferência da escola da Ribeira para a avenida Hermes da Fonseca, já que o local antigo não comportava mais a demanda de matrículas.

Segundo Manoel de Brito, o espaço de 17 hectares, onde funcionava o Batalhão de Cavalaria foi trocado com o Estado pelo antigo prédio. As atividades escolares no novo espaço começaram em 1953 e continuam até hoje, agora com Ângela Guerra na direção e Zoraide Gomes Acioli como vice-diretora.

Memória

Nascida em 19 de julho de 1920, Noilde Pessoa Ramalho, natural de Nova Cruz, estudou na Escola Doméstica, onde se formou em 1939. Seis anos depois assumiu a direção da escola de forma interina, após ser designada pelo então presidente da Liga de Ensino, Manuel Varela Santiago Sobrinho. Passados 65 anos, “Dona Noilde” deixou o cargo em 25 dezembro de 2010, quando enfartou durante uma viagem ao Sul do país.

Em 1975, Noilde Ramalho também começou a gerir a Liga sem assumir a presidência e, em 1987, criou o colégio misto Henrique Castriciano, que também ficou sob sua gestão. Um dos principais pontos destacados por Manoel de Brito referente à gestão de Noilde Ramalho é a transformação. “Sem dúvida a gestão foi marcada por muita competência, trabalho e transformação”, disse. Em 1999 inaugurou a instituição de ensino superior, inicialmente chamada de Farn, atualmente UNI/RN, que tem como reitor desde sua criação até hoje o ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Daladier Pessoa Cunha Lima.



Pedro Andrade
Repórter


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