Tudo que eles querem é espaço, água parada e abandono. E é exatamente isso que as larvas e mosquitos da dengue encontram em quase todos os municípios do Estado, principalmente nas áreas urbanas. O Rio Grande do Norte já contabiliza 9.543 casos de dengue de janeiro a jundo no Estado. Em Natal, esse ano já foram notificados 1.060 casos, com a zona leste respondendo como a região com maior número de casos de dengue, principalmente o bairro da Ribeira e Rocas onde os prédios abandonados viraram criadouros do mosquito Aedes aegypti.
Adriano Abreu
Antigo prédio da Semurb tem piscinas que se formaram no teto,
tornando um criadouro do Aedes
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No antigo prédio da Semurb, além das piscinas que se formaram no teto do prédio, internamente os pneus e lixo acumulados aumentam a quantidade de focos, aumentando os casos da doença no bairro. A equipe da TRIBUNA DO NORTE conversou com os moradores de rua que usam o espaço para tomar banho e dormir e confirmou que todos já foram vítimas do mosquito. O morador de rua, Marcos Antonio da Silva disse que já teve dengue duas vezes.
“Eu quase morri na última vez por causa desses mosquitos e a Prefeitura não faz nada”, comenta o morador. No prédio vizinho ao da Semurb, os moradores também reclamam da doença e do descaso do poder público com o prédio e com a falta de ação contra os mosquitos.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Natal e ouviu o Chefe de Zoonoses, Alexandre Tavares. “No antigo prédio da Semurb temos um caso específico de alta incidência de dengue já que existe no local incontáveis focos do mosquito”, argumenta Alexandre Tavares. Ele conta que as equipe de zoonoses de Natal atuam em pontos estratégicos onde são registrados os maiores depósitos de dengue com tratamentos dos focos no período quinzenal, mas que em muitos bairros a população também precisa ter atenção com a água parada.
O antigo prédio da Semurb concentra ainda restos de comida e de animais, aumentando os focos do mosquito Aedes Aegpythi. “Nossa equipe continua indo ao prédio apagar incêndio. Só vamos resolver a questão após a definição sobre o que vai ser feito no espaço”, aponta o Chefe de Zoonoses.
A vulnerabilidade dos casos de dengue aumenta no período chuvoso e os bairros das Quintas e Felipe Camarão são os bairros isolados que concentram notificações acima da média do município. “Historicamente, os bairros mais antigos e com concentração populacional são os mais vulneráveis a doença pelos depósitos de água que acumulam água por causa da irregularidade no abastecimento”, comenta o Chefe de Zoonoses.
Adriano Abreu
Pneus e lixo acumulados ajudam a proliferar o mosquito,
aumentando a incidência da dengue.
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No Rio Grande do Norte, a dengue está concentrada na área urbana e são cinco os municípios com maior incidência da doença: Pau dos Ferros com 1.102 casos, a capital Natal com 1.060, Currais Novos com 493, Parelhas com 482 e Parnamirim com 380. O número total dos casos de dengue no Rio Grande do Norte (quase 10 mil), não assusta a coordenadora do Programa de Controle da Dengue no RN, Cristiane Fialho que aponta uma redução de 64% nos casos em relação ao mesmo período de 2012.
“No ano passado, nesse mesmo período o Rio Grande do Norte listava mais de 26 mil casos de dengue”, conta a coordenadora. A coordenadora do Programa de Dengue no RN explica que o Estado deverá continuar com índices menores de notificações do que em anos anteriores. “A dengue tipo 4 desse ano não terá tantos casos como no passado porque as pessoas que já foram infectadas estão imunes a doença”, comenta Cristiane Fialho. O argumento também foi defendido pelo Chefe do Controle de Zoonoses, Alexandre Tavares.
FONTE
Marília Rocha - repórter
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