segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

OS RISCOS DE SE CRIAR POMBOS

Pombos: ratos de asas?

Com a imagem atrelada à paz, ao amor e até mesmo à religião, não é difícil para os pombos encontrarem abrigo e comida entre a população dos centros urbanos, virando atração em grandes praças e outros logradouros públicos. Mas o aspecto inofensivo e pacífico dessa ave esconde um lado mais nefasto, de praga urbana e transmissor de doenças graves, entre elas a meningite. 

Encontrando as condições favoráveis, os pombos se reproduzem rapidamente. Por isso mesmo e pelo fato de saírem por aí comendo tudo o que vêm pela frente — de inocentes grãos de milho, furtivamente jogados, até mesmo resto de lixo — fez com que algumas pessoas os denominassem, pejorativamente, de “ratos de asas”. A alcunha ganhou destaque no filme “Memórias”, de Woody Allen.

Fezes, doenças e meio ambiente

Quando se estabelecem em um lugar, público ou residencial, os pombos promovem uma grande sujeira com suas fezes. E é justamente aí onde mora o perigo. Ao secar, os excrementos se espalham pelo ar, na forma de pequenos fragmentos suspensos, contendo fungos e agentes maléficos à nossa saúde. Ao respirar esses resíduos, corremos o sério risco de contrair algumas doenças como toxoplasmose, criptococose, histoplasmose, psitacose ou ornitose, tuberculose avícola, além de alergias, dermatites e da já citada meningite. 

Alex Régis
Sem predadores diretos, sem serem caçados e protegidos por leis ambientais, os pombos se reproduzem rapidamente, se transformando em verdadeiras pragas urbanas

Os pombos também são considerados em vários países, inclusive o Brasil, um problema ambiental-urbano grave, já que ocupam frestas e fachadas de prédios públicos e privados, depreciando monumentos, estátuas e outros equipamentos urbanos com o acúmulo de suas fezes.

Mas o Columba Livia — seu nome científico — pode se considerar uma ave de sorte, vivendo no espaço urbano. Como não é caçado e tampouco tem predadores diretos, multiplicam-se livremente. 

Exterminá-los de forma cruel pode render até detenção, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98, de 12 de fevereiro de 1998. Então, é bom pensar duas vezes diante da tentação de, sem autorização judicial, atirar, envenenar ou capturá-los e transferí-los para lugares livres da praga.

Para se livrar do contato com os pombos, o recomendado é por fim às condições favoráveis a eles, não alimentado-os e modificando o ambiente, vedando frestas em telhados, fachadas, e caixas de ar-condicionado, criando obstáculos, dificultando seu acesso e gerando desconforto.

Fezes podem transmitir meningite

Entre as doenças transmitidas pelos pombos, a mais preocupante é a meningite, principalmente em portadores do vírus HIV ou pessoas com câncer, que fazem uso de corticóide ou passam por tratamento de quimioterapia. É o que afirma o infectologista Kleber Luz, ressaltando, porém, serem essas aves de baixa transmissibilidade. “Tem até pessoas que se alimentam delas.”

“Nas fezes dos pombos há uma grande concentração de nitrogênio e isso favorece o surgimento de um fungo chamado criptococos”, comenta o infectologista. Quando inalado, esse micro-organismo pode produzir um quadro no pulmão e, ao chegar na corrente sanguínea, pode desenvolver a meningite”, explica. 

A meningite é uma doença grave e bastante temida, principalmente por quem tem criança em casa. Ela provoca uma infecção na meninge, membrana que envolve o cérebro, ou no próprio órgão, podendo inclusive levar à morte. 

A meningite pode ser viral, bacteriana ou transmitida por fungos e protozoários. A transmitida pelo criptococos das fezes dos pombos é uma das mais perigosas. Mas não há motivos para alardes, pois nosso sistema imunológico elimina o fungo. Só desenvolve a doença os casos em que o criptococos consegue driblar nossas defesas — daí, a preocupação com portadores de HIV e pacientes em tratamento e com imunidade baixa. 

De acordo com o infectologista Kleber Luz são relativamente raros casos de meningite causadas por criptococos e a forma de prevenir é controlando a população de pombos, principalmente em ambientes domésticos, como condomínios residenciais. 

Outras doenças

Um único pombo é capaz de produzir 2,5 kg de fezes por ano. Defecando a cada 15 minutos. Suas fezes empestam praças, monumentos, janelas, pátios, caixas de aparelhos de ar-condicionado. Apesar de algumas doenças transmitidas por eles não serem tão frequentes, o risco de transmissão existe. E se preocupar nunca é demais nesses casos... Entre as doenças, além da meningite, transmitidas pelos pombos estão salmonelose, histoplasmose, ornitose, criptococose, toxoplasmose, psitacose, tuberculose avícola, além de alergias e dermatites. 


Não pode matar!

Se você está perdendo a paciência com o incômodo que pombos estão causando em sua residência ou condomínio e está pensando no ato extremos de exterminá-los usando arma de fogo, envenenamento ou outra forma cruel de morte, é bom repensar, pois pode acabar com problemas com a Justiça. Existem leis específicas que determinam penas e multas aos serial killers de pombos. Durante o governo FHC foi sancionada a Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98, de 12 de fevereiro de 1998, que prevê até prisão em casos de emprego de métodos cruéis para abate e captura de animais.

O avanço das populações de pombos em bairros natalenses também tem preocupado a Justiça e os órgãos ambientais e de saúde potiguares. A Lei nº 6.320, de 1 de dezembro de 2011 “estabelece multa para maus-tratos a animais e sanções administrativas a serem aplicadas a quem os praticar, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, no Âmbito do Município de Natal.”

O parágrafo único, inciso II, diz que entenda-se por animais todo ser vivo animal não humano, inclusive: fauna urbana não domiciliada: felinos, caninos, equinos, pombos, pássaros, aves.

A proliferação de pombos incomoda também muitos condomínios residenciais. A síndica Alessandra Ichihara convive com o problema e diz já ter cobrado providências dos órgãos ambientais e de proteção a animais. “Eles precisam nos ajudar a acabar com isso; ir nos condomínios informar e esclarecer os moradores”, diz ela. “Informaram uma vez que só existe riscos quando os pombos são criados e quando são assim soltos na natureza não tem problemas.” 

Bate-papo: Aurélio Bráulio - infectologista

Como se dá o processo de contaminação de doenças transmitidas pelos pombos?

A contaminação ocorre quando há o contato direto com os excrementos dos pombos ou inalação de pequenas partículas originadas dos excrementos secos.

Qual a melhor forma de se proteger da ação nociva dessas aves?

Evitar o contato.

Alguma dessas doenças oferece risco de morte?

Doenças como as infecções causadas pelos fungos Histoplasma e Cryptococcus podem se tornar graves podendo levar à morte, principalmente em pessoas que têm a imunidade deficiente.


Por
Isaac Ribeiro
Repórter

FONTE

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