Saúde pública vira caso de polícia
Sindicatos registram boletim de ocorrência contra Sesap e denunciam omissão do estado
Com concentração no início da manhã no maior hospital público do estado, o Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG), o Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed), Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (SindSaúde) e o Sindicato dos Odontologistas do RN (Soern) saíram em carreata rumo ao 3º Distrito de Polícia no bairro do Alecrim para denunciar às autoridades policiais o desabastecimento dos hospitais administrados pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). Na ocasião, os três sindicatos anexaram ao boletim de ocorrência (BO), relatórios que atestam suas denúncias em quatro dos maiores hospitais estaduais, o HWG, o Santa Catarina, o Giselda Trigueiro e o Deoclécio Marques, de Parnamirim.
Delegado Natanion de Freitas irá instaurar inquérito sobre situação no HWG. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
O
presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira, trazia também em seu aparelho
celular fotografias de pacientes que se encontravam na manhã de ontem na
porta do centro cirúrgico do HWG despidos e sem lençóis e outros no
chão, devido à falta de macas. Outro problema é o que vem sendo feito
com os pacientes graves que não podem permanecer no setor de reanimação
do hospital, que segue interditado.
Segundo Marcelo de Melo, diretor do SindSaúde, os pacientes que chegam ao Walfredo Gurgel com quadros de UTI e que necessitam de reanimação e aparelhos para respirar, são apenas transferidos para o Setor de Observação 2 do hospital, que possui mais de 80 macas em seus corredores e agora recebe essa nova demanda de paciente com risco de vida. Marcelo denuncia que nos últimos três dias quatro pacientes de UTI se somaram aos que estão no setor de observação e, devido à assistência precária que receberam, dois deles morreram na última quinta-feira.
Quem recebeu os representantes dos três sindicatos da saúde e suas respectivas denúncias foi o delegado Natanion de Freitas, da 3ª DP. Ele ouviu os profissionais e disse que a partir de agora será instaurado um inquérito civil para investigar os fatos que envolvam o Walfredo Gurgel, único hospital em sua jurisdição. Natanion de Freitas explicou que a polícia deverá agir caso seja constatado que falhas da administração pública, por meio da Sesap, resultaram em delitos como a omissão de socorro, por exemplo, mas que se deve ter paciência com a investigação para que todas as etapas sejam devidamente seguidas, provas sejam recolhidas e testemunhas sejam ouvidas. O delegado esclarece ainda que após a abertura do inquérito civil, independentemente de movimentos grevistas, o caso será apurado, as partes ouvidas e mais adiante alguém poderá ser indiciado no processo, mas não estabeleceu prazos.
O presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira, diz que os sindicatos reconhecem os esforços que vem sendo feitos pela Promotoria da Saúde, mas que a atitude de levar o quadro de desabastecimento e condições precárias de atendimento às autoridades policiais era uma forma de resguardar os profissionais da saúde quanto às responsabilidades e consequências da falta de condições de trabalho e de assistência. "Esse é um grito de defesa da saúde em prol da população para salvar suas vidas e não deixá-los morrer à míngua como vem ocorrendo". De acordo com Geraldo Ferreira, a denuncia se dá contra a Sesap por ser a "responsável pela rede pública de saúde no estado, como também pela vida ou morte da população que precisa do atendimento", finaliza.
Ontem, no Walfredo Gurgel, Jussier dos Anjos Soares procurou a reportagem do DN para denunciar a situação de sua sogra. Maria José da Silva Lima, de 65 anos, está desde o dia 13 deste mês em uma maca a espera de uma cirurgia ortopédica. Segundo Jussier Soares, a paciente já havia recebido o encaminhamento para a cirurgia ser feito no Hospital Memorial ontem, mas na véspera a família foi informada que o procedimento havia sido desmarcado, pois o hospital se recusaria a receber a paciente até que o poder público efetuasse o pagamento pelo serviço.
Segundo Marcelo de Melo, diretor do SindSaúde, os pacientes que chegam ao Walfredo Gurgel com quadros de UTI e que necessitam de reanimação e aparelhos para respirar, são apenas transferidos para o Setor de Observação 2 do hospital, que possui mais de 80 macas em seus corredores e agora recebe essa nova demanda de paciente com risco de vida. Marcelo denuncia que nos últimos três dias quatro pacientes de UTI se somaram aos que estão no setor de observação e, devido à assistência precária que receberam, dois deles morreram na última quinta-feira.
Quem recebeu os representantes dos três sindicatos da saúde e suas respectivas denúncias foi o delegado Natanion de Freitas, da 3ª DP. Ele ouviu os profissionais e disse que a partir de agora será instaurado um inquérito civil para investigar os fatos que envolvam o Walfredo Gurgel, único hospital em sua jurisdição. Natanion de Freitas explicou que a polícia deverá agir caso seja constatado que falhas da administração pública, por meio da Sesap, resultaram em delitos como a omissão de socorro, por exemplo, mas que se deve ter paciência com a investigação para que todas as etapas sejam devidamente seguidas, provas sejam recolhidas e testemunhas sejam ouvidas. O delegado esclarece ainda que após a abertura do inquérito civil, independentemente de movimentos grevistas, o caso será apurado, as partes ouvidas e mais adiante alguém poderá ser indiciado no processo, mas não estabeleceu prazos.
O presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira, diz que os sindicatos reconhecem os esforços que vem sendo feitos pela Promotoria da Saúde, mas que a atitude de levar o quadro de desabastecimento e condições precárias de atendimento às autoridades policiais era uma forma de resguardar os profissionais da saúde quanto às responsabilidades e consequências da falta de condições de trabalho e de assistência. "Esse é um grito de defesa da saúde em prol da população para salvar suas vidas e não deixá-los morrer à míngua como vem ocorrendo". De acordo com Geraldo Ferreira, a denuncia se dá contra a Sesap por ser a "responsável pela rede pública de saúde no estado, como também pela vida ou morte da população que precisa do atendimento", finaliza.
Ontem, no Walfredo Gurgel, Jussier dos Anjos Soares procurou a reportagem do DN para denunciar a situação de sua sogra. Maria José da Silva Lima, de 65 anos, está desde o dia 13 deste mês em uma maca a espera de uma cirurgia ortopédica. Segundo Jussier Soares, a paciente já havia recebido o encaminhamento para a cirurgia ser feito no Hospital Memorial ontem, mas na véspera a família foi informada que o procedimento havia sido desmarcado, pois o hospital se recusaria a receber a paciente até que o poder público efetuasse o pagamento pelo serviço.
Fonte: DiariodeNatal
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