Gabaritos foram enviados por WhatsApp antes da prova, diz delegada.
Operações da PF prenderam 14 pessoas suspeitas de fraude no país.
(Foto: Divulgação/PF)
Candidato de 34 anos é preso em flagrante por usar ponto eletrônico em Fortaleza |
Candidatos presos no Ceará e no Amapá foram flagrados com o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (6). Em Fortaleza, a polícia encontrou no bolso de um homem de 34 anos o tema e o texto da redação pronto para ser transcrito. Ele recebeu o gabarito pelo celular e usou também um ponto eletrônico na sala do exame.
Para a delegada da Polícia Federal (PF) e coordenadora do Enem no Ceará, Fernanda Coutinho, a prova pode ter sido vazada. "Essa prova foi vazada de alguma forma e, não sabemos como ainda, mas os gabaritos chegaram a candidatos antes mesmo de o exame iniciar, isso é fato", afirmou nesta segunda-feira (7).
O G1 procurou o Ministério da Educação para comentar os casos, mas até a última atualização do texto não tinha tido resposta.
Neste domingo, a PF fez duas operações para combater fraudes no Enem em oito estados: Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Tocantins, Amapá e Pará.
Ao todo, 14 pessoas foram presas. Na operação chamada Jogo Limpo, quatro pessoas foram presas em Amapá, Ceará e Pará. Em outra ação, denominada Embuste, a polícia prendeu 10 pessoas.
O principal alvo das operações são esquemas de ponto eletrônico para passar aos candidatos as respostas e grupos que passaram para os estudantes o gabarito das provas e o tema da redação do
Gabarito antes da prova
Segundo a delegada da PF, o candidato preso em Fortaleza na operação Embuste já tinha acesso ao gabarito e ao tema da redação por volta das 11h e 11h30 do dia da prova (horário local). Os portões foram fechados ao meio-dia, e o exame começou 12h30. "Ele levou no bolso a redação já feita, somente para fazer a transcrição na hora do exame", afirmou Fernanda Coutinho.
Fernanda Coutinho disse que, geralmente, o esquema de fraude do Enem tem um "candidato piloto", que faz a prova e informa as respostas para outro, que repassar o gabarito. Mas, neste ano, a Polícia Federal no Ceará obteve informações de que os gabaritos foram divulgados no horário da prova e antes, por meio do WhatsApp.
Em Macapá, um homem de 31 anos foi preso na operação Jogo Limpo logo depois de deixar o local de prova em uma faculdade no Centro. Após abordagem, ele confessou que sabia o tema da redação antes mesmo de iniciar o segundo dia de provas. Com ele, foi encontrado um texto com o assunto "intolerância religiosa", aplicado no Enem a quase 6 milhões de candidatos em todo o país.
A operação, segundo a polícia, chegou até o suspeito porque havia indícios de fraude em provas feitas por ele em anos anteriores. Os agentes da PF se disfarçaram de aplicadores do exame e fizeram a prisão após o suspeito sair do local.
No Ceará, além do candidato preso em Fortaleza, houve outras três prisões. Em Juazeiro do Norte, uma mulher foi presa no desdobramento da operação Jogo Limpo com o gabarito da prova escondido na roupa. Ela foi liberada após pagar fiança.
Em Cedro, investigação que não fazia parte das operações da PF prendeu um homem flagrado com um ponto eletrônico. Em Independência, uma candidata foi presa em flagrante com um segundo celular na bolsa, com gabarito.
(Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Candidato estava com texto sobre o tema da redação
do Enem em Macapá
|
Operações
Neste domingo, segundo e último dia de provas do Enem, a PF fez duas operações para combater fraudes em oito estados. Ao todo, 14 pessoas foram presas.
Na operação chamada Jogo Limpo, a PF informou que foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão. Na operação denominada Embuste, a polícia desmontou uma quadrilha que transmitia respostas da prova para candidatos de três cidades – Montes Claros (MG), uma na Bahia e outra no Ceará, segundo informou o Fantástico. Foram cumpridos 28 mandados, sendo 4 de prisão temporária.
Em Minas, as respostas eram passadas por celular, mas o esquema era sofisticado. Um ponto ficava bem dentro do ouvido e só podia ser colocado ou retirado com pinça.
“A quadrilha cobrava entre R$ 150 mil e R$ 180 mil, a depender da universidade que o candidato pretendia ingressar”, disse um delegado da Polícia Federal. De acordo com a PF, a maioria dos candidatos que recorreram à fraude pretendia ingressar em cursos de medicina.
Do G1 CE
FONTE
POSTADO POR
Nenhum comentário:
Postar um comentário