domingo, 26 de fevereiro de 2012

FERIADOS

Feriados: dias de descanso e prejuízos



Cleyton Silva, estudante natalense de 14 anos, foi um dos mais de 50 mil brasileiros que compartilharam no Facebook uma imagem celebrando os 16 feriados e pontos facultativos de 2012 - dois a mais que no ano passado. "Adoro feriados. Aproveito para descansar e colocar os estudos em dia", conta. Ele e os amigos já programam  a próxima pausa: na Semana Santa. A alegria de alguns, é, porém, a frustração de outros. De acordo com estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), os feriados nacionais e estaduais de 2012 deverão gerar perdas de R$ 45 bilhões para a indústria brasileira. Os prejuízos deverão ser 21% maiores que os de 2011, uma vez que, neste ano, muitos feriados ocorrerão às terças e quintas-feiras, originando pontos facultativos ou emendas - os famosos "imprensados".

Júnior SantosNo Brasil, a folga na produção industrial  renderá 21% a mais de prejuízos em 2012No Brasil, a folga na produção industrial renderá 21% a mais de prejuízos em 2012

No caso do Rio Grande do Norte, as perdas com feriados para o setor industrial devem alcançar R$ 287 milhões, sendo R$ 239 milhões em decorrência de feriados nacionais e R$ 48 milhões em decorrência de feriados estaduais. De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do estado (Fiern), Amaro Sales, os danos deverão ser acentuados, o que exige  planejamento por parte das empresas. "A indústria já se adaptou aos feriados, mas ainda assim sugerimos que cada setor negocie folgas e os bancos de horas com seus colabores e com os sindicatos, para evitar maiores perdas", explica. 

Outro setor que  sofre com essas "pausas" é o comércio. Até os estabelecimentos que não fecham, geralmente localizados nos shopping centers, sentem o prejuízo. "Isso ocorre por que as cidades se esvaziam, em virtude das viagens", comenta o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), Amauri Fonseca. Segundo ele, os comerciantes devem agendar promoções e liquidações para os dias anteriores aos feriados, medida que pode driblar a queda no número de vendas. "Na verdade, existem épocas em que alguns setores perdem e outros ganham", conta.

Um dos que ganham é o turismo. Em 2012, o setor deve se beneficiar com a quantidade de feriados. No carnaval, por exemplo, a taxa de ocupação  dos hotéis de Natal chegou, em muitos casos, a 100%, segundo dados da  Associação Brasileira da Indústria  de Hotéis (ABIH). "Em cidades turísticas como Natal, feriados são bem-vindos. Hotéis e e restaurantes saem ganhando", observa o professor de empreendedorismo do Departamento de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),  Marcelo Rique.

Trabalho

Para o professor, a ideia de que o brasileiro não gosta de trabalhar é falsa. De acordo com ele, o brasileiro está entre os cinco povos que mais trabalham no mundo, apesar do grande número de feriados. Entram na contagem o tempo gasto no transporte - deficiente em diversas cidades - e as horas extras. "Já fui contra essas folgas, mas hoje vejo como períodos em que nós podemos relaxar, são válvulas de escape", completa. 

O professor considera, entretanto, que o grande número de feriados no Brasil poderia ser substituído por um melhor fracionamento das férias dos funcionários, o que daria possibilidade de aproveitar períodos de descanso mais regulares e espaçados. No país, as férias podem ser divididas em apenas dois momentos. Com um ano, o trabalhador pode tirar 30 dias, mais os feriados.

Desopilando

Pesquisa realizada pela multinacional Regus, com 85 países, mostra que os feriados são vitais para a recuperação do estado físico e mental do funcionário. No Brasil, o percentual de pessoas que trabalha mais de  oito horas por dia está acima da média mundial. Quase metade dos profissionais  admite que trabalha até 11 horas por dia. A pesquisa mostra também que 17% dos profissionais no Brasil e 10% em outros países trabalham mais de onze horas por dia, regularmente. Profissionais do sexo masculino, no Brasil (20,4%), têm cerca de cinco vezes mais chances de trabalhar 11 horas por dia do que as mulheres (3,8%).

Fonte: Tribuna do Norte
Leandro Vieira
Repórter

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