Alan Marques/Folhapress
O presidente interino Michel Temer (PMDB) e o
secretário nacional de Cultura, Marcelo Calero
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Em uma reação aos protestos da classe artística contra Michel Temer, o ministro da Cultura, Marcelo Calero, ressaltou em cerimônia de posse que a sua gestão à frente da pasta nunca estará "a serviço de um projeto de poder" e acrescentou que a área da cultura não tem partido político.
Em discurso no Palácio do Planalto na tarde de terça (24), Calero disse que pretende fazer um diálogo produtivo com os diferentes segmentos da área e agradeceu o presidente interino por ter devolvido a cultura "à altura de suas ambições", em uma referência à decisão inicial do peemedebista de acabar com a pasta.
À frente da secretaria municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Calero chegou a participar de encontro com artistas contra a extinção do ministério antes de ser convidado oficialmente para o posto.
"Nós estaremos sujeitos sempre àquilo que a sociedade demanda e nunca a serviço de um projeto de poder, porque o financiamento público é um instrumento imprescindível", disse. "O partido da cultura é o da cultura, não de qualquer outro", acrescentou.
O recuo na extinção da pasta também foi citado pelo presidente interino. Em discurso, ele reconheceu que cometeu um equívoco ao ter sugerido a vinculação da Cultura ao Ministério da Educação. O peemedebista também ressaltou que a cultura "não é de ninguém" e "não é de um partido político", mas é nacional.
"Eu verifiquei que a cultura era um setor tão fundamental para o país que deveria ficar apartada da educação", avaliou.
O presidente interino também prometeu que, até o final do ano, quitará em parcelas o débito de mais de R$ 200 milhões da pasta.
Mesmo com o recuo de Temer sobre a extinção da pasta, parcela da classe artística continua a criticar a gestão do peemedebista. Na Virada Cultura deste ano, na capital paulista, protestos contra ele foram feitos durante apresentações.
Nesta terça-feira (24), na entrada do Palácio do Planalto, cinco manifestantes protestaram contra o novo ministro, carregando placas de "não aceitamos ministro golpista".
FINANCIAMENTO
No discurso, Calero ressaltou que aprofundará conquistas da pasta nos últimos anos e defendeu o aumento do financiamento público para a democratização da cultura.
Ele pregou também a necessidade de criação de marcos legais tributários e trabalhistas para o setor cultural e afirmou que mecanismos de financiamento devem ser ampliados, observando as características regionais para investimentos.
"A minha gestão pretende aprofundar conquistas e dar continuidade a medidas do Plano Nacional de Cultura", disse.
O evento teve as participações do ator Odilon Wagner, dos cineastas Cacá Diegues e Carla Camurati e de outros representantes da classe artística.
Em entrevista à imprensa, após a cerimônia de posse, o ministro disse que fará uma revisão de programas e iniciativas e ressaltou que todo o financiamento público, incluindo a lei Rouanet, será realizado com "eficiência", "transparência" e "de forma republicana".
"O financiamento público de cultura é importante, mas a cultura não é de nenhum partido", disse. "Então, todo financiamento público deve ser feito de forma republicana, eficiente, transparente e tem de ser aprimorado sempre", disse.
POR
GUSTAVO URIBE
DE BRASÍLIA
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