Osmar Terra (PMDB-RS) foi anunciado para o Desenvolvimento Social.
Aumento nos benefícios foi anunciado por Dilma Rousseff no 1º de Maio.
Novo ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, o deputado Osmar Terra (PMDB-RS) afirmou nesta quinta-feira (12) ao G1, logo após ser confirmado na equipe ministerial do governo Michel Temer, que o reajuste proposto pela presidente afastada Dilma Rousseff aos beneficiários do programa Bolsa Família será mantido. Segundo ele, o Executivo federal vai "arrumar dinheiro de algum lugar" para bancar o aumento médio de 9%.
No início do mês, durante evento do Dia do Trabalho, Dilma comunicou que daria um aumento médio de 9% para os beneficiários do programa a partir de 1º de junho, apesar do alerta da área econômica de que não haveria recursos suficientes.
Na ocasião, ao defender o seu governo, ela sustentou que não havia garantias de que Temer não fosse cortar vagas do programa, uma das principais bandeiras dos governos petistas.
“A tese que eu defendo é que os programas todos têm que ser mantidos, inclusive o Bolsa Família. Tem que dar esse reajuste, embora ela [Dilma] tenha dado um reajuste sem ter dinheiro”, afirmou Terra, que era deputado federal (PMDB-RS).
Ele criticou ainda a gestão Dilma ao dizer que houve uma “sabotagem” ao anunciar medidas sem os recursos correspondentes.
“Houve muito isso agora, quer dizer, sabotagem, ela prometendo um monte de coisa e deixando sem dinheiro para o governo Michel pagar, mas nós temos que arrumar esse dinheiro, de algum lugar. O presidente Michel disse que não vão faltar recursos para os programas sociais”, declarou. Segundo ele, o reajuste proposto representa R$ 1 bilhão a mais de gastos no orçamento.
Ele afirmou ainda que é preciso discutir formas de capacitar beneficiários do programa, por meio, por exemplo, de parcerias com o SEBRAE e da oferta de microcrédito, para permitir a saída das pessoas.
“O Bolsa Família não é um projeto de vida. Ele é um programa emergencial de sustento das pessoas enquanto elas não têm outra renda. Então, temos que ajudar as pessoas, incentivar e reforçar a busca por emprego e renda”, disse. “Temos que ver o que tem, de repente já tem alguma coisa nessa direção”, completou.
Terra ponderou que assumiu em uma “situação atípica” porque não houve transição do governo Dilma e calcula que precisará de uma semana a dez dias para se inteirar dos números e dados sobre os programas da pasta.
O novo titular do Desenvolvimento Social afirmou ainda que irá revisar o cadastro de beneficiários. Ele sustentou que o grande número de atendidos pelo programa -- segundo ele, em torno de 50 milhões -- mostra que ou o discurso do governo de ter reduzido a pobreza não era verdade ou haveria fraude no programa.
“Temos 50 milhões no Bolsa Família. Não é um recurso de emergência para não ficar na miséria. Se tem 50 milhões, então aquele discurso de que tinha reduzido a pobreza não existe, o discurso é falso. Se tem 50 milhões precisando do Bolsa Família é porque não reduziu, tem 25% da população na miséria. Alguma coisa está errada: ou o discurso do governo está errado ou o Bolsa Família está sendo usado por quem não precisa”, disse.
Apesar das críticas, Terra disse que o programa é o mais bem estruturado do governo federal. O ministro afirmou também que pretende implantar um programa de acompanhamento das crianças de até seis anos das famílias que recebem o benefício.
O projeto seria nos mesmos moldes de um criado por ele quando esteve à frente da Secretaria de Saúde do governo do Rio Grande do Sul. Segundo ele, o atual Brasil Carinhoso, que foca nas crianças, não é suficiente e o modelo defendido por ele é que as famílias recebam o acompanhamento em casa.
Por
Fernanda Calgaro
Do G1, em Brasília
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