Silveira Júnior anuncio apoio à reeleição de Fábio Faria e Leonardo
Francisco José Lima da Silveira Júnior, 38 anos. Um nome para entrar para a história. No dia 4 de maio de 2014, tornou-se o mais jovem prefeito eleito de Mossoró. O feito, considerável, é seguido de uma base construída no passado pelo seu pai, o ex-vereador de dois mandatos e ex-deputado de três mandatos Francisco José.
Filiado ao PSD, Silveira Júnior seguiu o caminho herdado do pai, com um currículo de causar inveja a qualquer político de sua idade: quatro mandatos de vereador, dois de presidente da Câmara Municipal e um de presidente da Federação das Câmaras Municipais do RN (FECAM). É exatamente esse currículo que o faz acreditar estar preparado para governar pelos próximos 30 meses a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte.
Não será fácil, reconheça-se.
O prefeito eleito, que está no cargo há quatro meses, de forma interina, por força de decisão judicial, sabe que o desafio é grande e o tempo curto para construir um projeto. No entanto, ele garante: “Estou preparado”.
Na manhã de sexta-feira (9), Silveira Júnior tomou o “Cafezinho com César Santos”, quando, numa conversa longa, falou de suas expectativas para o mandato que começa no dia 1.º de junho e de política. Antecipou que criará novas secretarias nas áreas de esporte, segurança e mobilidade urbana.
Também adiantou mudança no secretariado, sem citar nomes e pastas, e revelou seu voto para deputado estadual, federal, governador e senador.
Leia a entrevista. As fotos são de Marcos Garcia:
JORNAL DE FATO – O senhor vai sair de uma interinidade à frente da Prefeitura de Mossoró, para uma gestão de dois anos e seis meses. Administrará apenas dois orçamentos (2015 e 2016) elaborados por sua equipe. Diante desse quadro, é possível elaborar e executar o bom projeto para a cidade?
SILVEIRA JÚNIOR – Olhe, nós assumimos uma administração, de forma interina, que tem um orçamento que não foi elaborado por minha equipe, mesmo assim, conseguimos fazer um trabalho muito intenso nos últimos quatro meses, com aprovação popular de 75%, conforme as pesquisas. Inclusive, isso foi revertido nas urnas, com a maior votação que um prefeito de Mossoró já teve. Vamos assumir em definitivo no dia 29 de maio, mas continuaremos com o orçamento antigo. Então, as mudanças que pretendemos implementar, dentro de um projeto novo para a cidade, só será possível colocá-las em prática a partir de 2015. Ou seja, teremos apenas dois anos para administrar da forma que pensamos e queremos.
QUE mudanças são essas?
VAMOS mexer com algumas secretarias e criar novas pastas, que são necessárias e essenciais. Por exemplo: vamos desmembrar o Esporte da Educação e criar a Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer. Vamos transformar a Subsecretaria de Trânsito em Secretaria da Mobilidade Urbana. Pretendemos, também, elevar a nossa Guarda Civil para Secretaria de Segurança. Então, essas mudanças só poderão ser feitas depois de aprovadas e colocadas no orçamento. Entendemos que é pouco tempo, apenas dois anos e meio de administração, mas acreditamos ser possível promover essas mudanças e encaminhar um bom projeto para a cidade de Mossoró. Já fizemos muito em quatro meses, a população é testemunha disso, e pretendemos fazer muito mais. O nosso lema é trabalho. Vamos confirmar isso na prática.
O CURTO tempo que tem não deixa o senhor temeroso de não realizar o que os mossoroenses esperam?
NÃO. Temos um arco de aliança muito grande. Ganhei um vice-prefeito (Luiz Carlos Mendonça Martins) bastante valoroso e que será importante na nossa administração. Então, estou confiante e determinado a trabalhar. Não vamos entrar para a história apenas como o prefeito eleito mais novo ou pela votação recorde que obtivemos nas eleições de 4 de maio. Queremos ficar para a história como um dos grandes prefeitos que Mossoró já teve.
NO SEU projeto de governo, qual o setor que o senhor escolheu com prioridade?
A SAÚDE vai receber um cuidado especial. Vamos trabalhar para melhorar o sistema de saúde pública, isso pode ter certeza. Nós já criamos um modelo de sucesso implantado na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Belo Horizonte (zona sul), onde existem médicos e uma equipe completa 24 horas, como forma de não deixar o paciente esperando por mais de 25 minutos. Humanizamos o atendimento nessa UPA e pretendemos estender a qualidade de assistência a toda a rede de saúde do Município. A Educação também terá um olhar especial. Vamos ampliar o número de escolas e melhorar ainda mais a qualidade de ensino, que hoje já é destaque, se apresentando acima da média nacional do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (IDEB). Veja que, em Mossoró, os alunos estão saindo das escolas particulares para os estabelecimentos de ensino público, e isso é a prova de que estamos no caminho certo. Vamos convocar agora 150 professores para suprir alguns setores. Estamos investindo em tecnologia, com aquisição de mesas digitais e, assim, ofereceremos oportunidade de o nosso aluno ter acesso às novas tecnologias em sala de aula.
O SENHOR antecipou que pretende criar a Secretaria Municipal de Segurança, mas isso somente em 2015. O setor de segurança exige medidas urgentes, por todos os problemas que já são conhecidos do grande público. De que forma a sua gestão está cuidando dessa área?
ESTIVEMOS com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) para discutir parcerias. Falamos do Mossoró Cidade Junina, que terá apoio do Governo do Estado, e discutimos sobre a segurança. Vamos fazer parceria para reforçar a segurança, com novas Bases Integradas Cidadãs (BICs). Essas unidades são importantíssimas. Paralelamente, vamos convocar novos profissionais para a Guarda Municipal, e assim estaremos fortalecendo o sistema de segurança, para garantir mais tranquilidade à população. Além da saúde, educação e segurança, vamos olhar com carinho para o sistema de transporte coletivo.
COMO a sua gestão pretende melhorar esse serviço, que tem sido alvo constante de reclamação por parte dos usuários?
VAMOS implementar o mesmo modelo da cidade de Curitiba (PR), que é referência no Brasil. Inclusive, levarei nossa equipe para conhecer de perto como funciona o transporte público na capital paranaense. Esse modelo permite o Município subsidiar o transporte coletivo. Hoje, a empresa tem a concessão, cobra do usuário e presta o serviço. No novo modelo que queremos implementar, o Município recebe do usuário do ônibus e subsidia o transporte público. O que é que acontece hoje: as empresas arrecadam R$ 290 mil /mês com 17 ônibus fazendo as linhas. Nós queremos aumentar essa frota para 50 ônibus, com custo de R$ 600 mil /mês; então, o Município teria de subsidiar R$ 300 mil. Só que na hora que tivermos mais ônibus, subsidiados pelo Município, eles vão rodar cada vez mais, sem a necessidade de determinado número de passageiros. Isso significa que nós vamos ter mais linhas, com novos destinos, e com roteiro cumprido pontualmente. Nós vamos ter micro-ônibus, todos climatizados, para garantir conforto ao usuário. Então, se as empresas vão rodar mais, acredito que depois de seis meses, com a própria arrecadação das empresas, o transporte coletivo não precisará mais ser subsidiado pelo Município. Essa será uma grande aposta da nossa gestão.
EM CONSEQUÊNCIA da insegurança administrativa, com o vai-e-volta de prefeitos, Mossoró está há quase dois anos sem elaborar um grande projeto. O senhor só tem dois anos e seis meses de administração. Acredita que será possível elaborar e executar um grande projeto para a cidade?
É POSSÍVEL, sim. A gente pretende trabalhar duas linhas em relação a grandes projetos. Primeiro, vamos elaborar o projeto do calçadão ligando a barragem de Genésio ao bairro Barrocas, com mais de oito quilômetros de extensão. Esse calçadão, além de promover o turismo, servirá para proteger o nosso rio, não permitindo o avanço de construções em suas margens. Dentro do projeto, construiremos um parque municipal. Veja que a ideia é oferecer mais opções para o turismo. Hoje, nós só temos opções noturnas. Com o nosso projeto, o turista terá opções durante o dia. Já estamos adquirindo um catamarã de garrafas pet. É uma coisa muito bacana, onde as crianças irão se conscientizar em relação ao meio ambiente, a partir do rio Mossoró. Os estudantes da área também terão a oportunidade de usar o barco para estudos. Pretendemos, ainda, criar uma rota fluvial, a partir de Passagem de Pedras, para que as pessoas possam conhecer as nossas salinas. Então, quero afirmar que nós vamos investir muito no turismo, que é uma área importante para o nosso desenvolvimento econômico do município.
COMO vereador, o senhor defendeu, por várias vezes, a municipalização do estádio Manoel Leonardo Nogueira, o Nogueirão. Agora, como prefeito, o senhor acha o projeto viável?
COM certeza. Essa será outra bandeira da nossa gestão. A área do setor terá atenção especial, tanto que iremos criar a Secretaria da Juventude, do Esporte e Lazer. Vamos apoiar não só o futebol profissional, como já estamos apoiando, mas também desenvolveremos ações para o esporte amador. Pretendemos lançar o projeto Faça da bola uma arma contra a violência, para atender a crianças e jovens. Vamos construir 15 campos de futebol, com iluminação, na cidade e na zona rural, para movimentar bairros e comunidades com campeonatos amadores. Na questão do Viva Rio Branco, é pensamento nosso criar um calendário de competições para ocupar todas as praças ao longo da avenida.
A questão da municipalização do Nogueirão é perfeitamente viável. Na Câmara, nós defendemos a permuta do estádio, mas agora, como gestor, vamos discutir a municipalização. O Município já paga a energia do Nogueirão e já realizou várias obras, assim como o Governo do Estado. Então, está na hora de o Município tomar de conta do nosso estádio, porque é uma vergonha Mossoró, a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte, todo ano ter problema com interdição de sua principal praça de esporte. Já fizemos reunião com o presidente da Liga Desportiva Mossoroense (Francisco Braz) e com nossa equipe econômica, para tratar o assunto. Estamos na fase da burocratização, mas acreditamos que em breve enviaremos o projeto à Câmara Municipal. Afirmo que iremos resolver, de uma vez por todas, o problema do estádio Nogueirão.
O SENHOR foi eleito com 12 partidos no palanque e mais parte de outros dois partidos tradicionais (PMDB e DEM). O arco de aliança foi muito grande. Como o senhor planeja governar Mossoró, inserindo esses apoios políticos em sua administração?
VEJA bem: nós não fizemos nenhum acordo com partidos que nos apoiaram em relação a secretarias de governo. Porém, entendemos que é normal a nossa gestão ter a participação desses parceiros políticos. Os partidos não servem apenas para ganhar eleição, mas também para governar. Vamos fazer mudanças na nossa equipe de auxiliares e nessa forma estudaremos como iremos aproveitar os que nos apoiaram. Mas, quero deixar bem claro que essas mudanças serão pontuais e que levaremos em consideração o critério técnico. Os partidos que irão indicar, ainda não definimos quais, analisaremos os nomes sob o ponto de vista técnico e não apenas político. O segredo de nossa gestão é exatamente a qualidade dos auxiliares. Optaremos por nomes que conheçam bem o município e que tenham capacidade técnica para desenvolver o trabalho.
O PT manifestou interesse de continuar com uma cadeira na Câmara Municipal. Para isso, será preciso o senhor convocar um vereador para a sua equipe e abrir caminho para o primeiro suplente do PT, que é o sindicalista Gilberto Diógenes. O senhor vai atender esse anseio do partido do vice-prefeito Luiz Carlos?
EU AINDA vou conversar com os partidos. Entendo que é normal que o PT queira permanecer com a sua vaga na Câmara, mas, como eu disse, vamos analisar a questão de cada parceiro sob o ponto de vista político e técnico. A partir da próxima semana é que deveremos iniciar a conversa com os partidos, para tomarmos as decisões certas.
DOS 21 vereadores mossoroenses, 15 apoiaram a sua eleição. É uma bancada considerável. O senhor acha que, a partir da vantagem numérica, é possível manter bom relacionamento com o Legislativo?
ACREDITO que, por ser um remanescente da Câmara Municipal, ter sido presidente por duas vezes, a gente tem uma certa liderança e goza da confiança dos vereadores. Quero, inclusive, fazer um agradecimento aos meus colegas, porque hoje sou prefeito graças à ajuda deles, que me elegeram presidente e depois apoiaram a minha candidatura a prefeito. Acreditamos que será possível uma boa convivência, até porque isso é muito importante para o desenvolvimento de Mossoró, dada a importância dos dois poderes.
O SENHOR teve o apoio do deputado federal Fábio Faria, que é do seu partido, o PSD, e também da ex-prefeita Fafá Rosado, do PMDB, que também deseja uma cadeira na Câmara dos Deputados. Qual dos dois terá o seu apoio?
OLHE, eu jogo muito aberto e também acho que a maior virtude do ser humano é o reconhecimento. Quando a gente recebeu o apoio do grupo liderado por Fafá Rosado e pelo deputado Leonardo Nogueira (DEM), que foi importantíssimo para a nossa vitória, deixamos claro que já tínhamos um compromisso com o deputado Fábio Faria. Tenho esse compromisso e vou apoiar Fábio, como fiz nas últimas duas campanhas. A ex-prefeita Fafá, que pretende ser candidata, não terá nenhuma dificuldade no nosso grupo. Tem pessoas da nossa administração que apoiam o seu projeto, e isso não é problema. Agora, para deputado estadual, assumi o compromisso com Leonardo Nogueira, e cumprirei a palavra. Quero dizer que, se concretizar as candidaturas de Robinson Faria (PSD) para governador e Fátima Bezerra (PT) para o Senado, eles terão o meu apoio.
Por César Santos
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