Pesquisadores utilizaram hoje (11) pela primeira vez no Estado um georradar em atividades arqueológicas no Forte dos Reis Magos. O trabalho faz parte do processo de pesquisa iniciado em novembro passado e fez escavações em todo o monumento. O trabalho de pesquisa está no último mês, mas será seguido por uma obra de restauração, ainda sem data de início.
Magnus Nascimento/celular
Aparelho foi usado hoje (11) pela primeira vez em pesquisas arqueológicas no RN |
De acordo com o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio Grande do Norte, Onésimo Jerônimo Santos, o equipamento utilizado hoje busca encontrar anomalias subterrâneas. “O equipamento emite ondas que identificam alterações no subsolo, seja de forma ou material. Se for no espaço de areia e houver uma ossada ou pedra, será detectado”, exemplifica.
Onésimo afirma que o radar será utilizado apenas em uma sala do Forte, identificada como Refeitório do Comando, que foi a última atribuição dada ao espaço, além de parte da muralha. “Nesta sala, acreditamos que possa ter sido a primeira capela do Forte, já que onde sabemos que foi uma capela, construída cerca de 30 anos depois do restante da construção, é o único local que também tem janelas no mesmo formato. Entre as muralhas, buscamos possíveis restos de paredes”, detalha.
Segundo o superintendente do Iphan, a chance de a sala ter sido a primeira capela do Forte é atribuída à forma das janelas, em arcos, assim como a capela no centro do Forte, enquanto as de todos os outros cômodos são quadradas. O processo de escavação será feito apenas na sala e pode começar ainda hoje, já que os resultados a serem interpretados por arqueólogos a respeito do que foi coletado com o radar servirá como base de comparação entre o que foi indicado e o que há sob o piso. Essa atividade não será feita na muralha, já que implicaria no desmonte da estrutura.
Segundo o arqueólogo Marcos Albuquerque, coordenador da pesquisa arqueológica no Forte dos Reis Magos, com as escavações foram encontrados o primeiro piso da fortaleza, o piso utilizado pelos portugueses e outro adotado no século XIX; projéteis de dois tipos de canhão; balas de chumbo utilizadas em mosquetes, uma as primeiras armas de fogo utilizadas pelas infantarias nos séculos XVI e XVII; pedaços de cerâmicas; cachimbos holandeses; e pedaços de ferro diversos, entre eles alguns que remontam às primeiras marcações para construção do Forte.
Durante as atividades de pesquisa, o funcionamento do Forte dos Reis Magos permanece sem alterações, das 8h às 16h.
O Forte
A construção, concluída pelos portugueses em 25 de dezembro de 1599, mesma data da fundação de Natal, foi tomada pelos holandeses em dezembro de 1633. Após quatro dias de combate, e com o capitão-mor Pero Mendes de Gouveia ferido, os soldados negociaram a entrega da fortaleza.
O Forte é rebatizado de Castelo Keulen, e Natal de Nova Amsterdã – os holandeses permaneceram no litoral nordestino até 1654. “O Forte não foi tomado, talvez isso tivesse acontecido se a batalha tivesse se estendido, e o combate se deu por terra”, explicou Onésimo Santos.
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