sexta-feira, 14 de março de 2014

ELEIÇÕES 2014 NO RN

“Fernando Bezerra tem os números do RN e enfrentará crises”, diz mulher de Henrique

Laurita Arruda revela que empresário potiguar está preparadíssimo para governar o Rio Grande do Norte




Deputados, lideres partidários, aliados políticos. No momento, ao que parece, todos estão defendendo o nome do presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, para ser o candidato do PMDB lançado ao Governo do Estado. Todos, menos a mulher do próprio Henrique, a jornalista Laurita Arruda. Em postagem publicada na manhã de hoje no blog dela, o Território Livre, Arruda revela os bastidores da cúpula peemedebista e afirma que Fernando Bezerra ainda está no páreo, mesmo evitando falar publicamente sobre o assunto.

Sem qualquer palavra sobre Henrique governador (seja ela positiva ou negativa), Laurita Arruda defende o nome de Fernando Bezerra, afirmando que as ausências dele se justificam pelo “perfil” do empresário. Isso não quer dizer, porém, que Fernando Bezerra está “sentado esperando”. Ele estaria estudando a situação do Rio Grande do Norte e buscando formas para solucionar a crise pela qual o Estado atravessa. “Foco no principal”, conforme diz Laurita Arruda, colocando o “principal” como a preparação para gerir o RN e não em aparições públicas e troca de declarações pelos jornais.

“Para quem imagina o ex-senador Fernando Bezerra (PMDB) sentado a esperar a decisão do partido sobre a chapa majoritária de outubro é melhor mudar seus (pré) conceitos”, afirmou Laurita Arruda no início do texto.

Isso já faz a mulher de Henrique Alves ir de encontro às recentes críticas que o nome de Fernando Bezerra recebeu porque estaria, supostamente, apenas esperando ser lançado candidato ao Governo pelo partido, sem ter que fazer qualquer esforço para isso, como participar de eventos públicos, dar entrevistas e debater com eleitores e lideranças.

Laurita não nega que Fernando Bezerra esteja ausente. Não teria como. O empresário, realmente, não é visto em eventos sociais, nem mesmo os organizados pelo PMDB. A mulher de Henrique afirma que o ex-ministro está trabalhando, primeiro, para conhecer o Estado. Essa seria uma forma de justificar a ausência e, ainda, confirmar o perfil que o próprio partido tem tentado dar a Fernando Bezerra, de que ele é um “nome diferente”, menos político e mais empreendedor, que no lugar de ficar pedindo voto, prefere conhecer o Estado e saber como resolver seus problemas.

“Informação: FB (Fernando Bezerra) recebeu os primos Garibaldi e Henrique Alves domingo pela manhã para uma conversa política em seu apartamento em Areia Preta e mostrou o dever concluído durante o Carnaval. Apesar de distante oito anos da vida pública, Bezerra está com os números de áreas críticas como saúde e segurança do Rio Grande do Norte na cabeça. Melhor. Sabendo o que o próximo governador terá que fazer no primeiro dia de administração para gerenciar as primeiras crises. Como fazer também”, defendeu Laurita Arruda.

A jornalista acrescenta que Fernando Bezerra não vai mudar seu perfil agora, mesmo após ter “estudado” a situação do Governo. Continuará alheio a forma tradicional de se fazer política e sem responder aqueles que estão criticando a postura demonstrada por Bezerra. “Ninguém espere que o pmdbista fale à imprensa para responder provocações politiqueiras do momento. Não fará. Questão de estilo…”, encerrou a nota.

Ausências fizeram nome do empresário se enfraquecer entre integrantes do PMDB

É importante lembrar que essas palavras de Laurita Arruda repetem, meses depois, os discursos de líderes peemdebistas, como o ministro Garibaldi Alves Filho, o deputado Nélter Queiroz e o próprio Henrique Alves. Todos afirmaram, no final do ano passado/início deste ano, que o ex-ministro era o melhor nome por ser um perfil gestor, empreendedor, que poderia tomar as melhores medidas para tirar o Estado da condição de crise.

“Fernando Bezerra é um nome que está posto para a discussão com outros partidos e com a sociedade, sem nenhum tipo de pressão. Ele tem um perfil importante para o RN que é o perfil de gestor. O povo está cansado de candidato simpático, popular, carismático. Precisa de um gestor que consiga resolver os problemas”, chegou a dizer Nélter Queiroz sobre Fernando Bezerra em janeiro deste ano.

O problema é que, de lá para cá, o nome de Fernando Bezerra foi se enfraquecendo, pelo fato do empresário, simplesmente, não participar de eventos públicos, nem dar entrevistas. Consequentemente, vários correligionários passaram a criticar a postura de Bezerra, afirmando que ele não estaria fazendo coisa alguma para amenizar o fato de que está há oito anos fora da política local.

Se o nome de Fernando Bezerra caiu, o de Henrique Alves, como potencial candidato ao Governo, cresceu, passando até a ser defendido pelos líderes do partido que antes preferiam o empresário. O próprio Nélter Queiroz, inclusive, afirmou na edição desta quarta-feira d’O Jornal de Hoje que a chapa Henrique e Wilma de Faria, para o Senado, só falta ser homologada. Dias antes, o deputado estadual Walter Alves, filho de Garibaldi, afirmou que o melhor seria Henrique, “pela experiência”.

Henrique não comentou esse crescimento. Não disse que era candidato ou que não era e, na última declaração que deu em Natal sobre o assunto, não respondeu a pergunta de que, se fosse escolhido pelas bases do partido, seria mesmo o candidato lançado pelo PMDB ao Governo.

Laurita Arruda, porém, se pronunciou. Evitou defender o nome de Henrique, que seria o lógico, sendo ela mulher dele, e recolocou Fernando Bezerra no jogo. Resta saber se os correligionários (e potenciais aliados) vão se contentar com essa justificativa dada pela jornalista, para que eles não descartem totalmente Fernando Bezerra e pensem, apenas, em Henrique. Se não der certo… Bom, Henrique ainda não descartou a hipótese totalmente.

Sem PT no RN, Henrique pode tentar reeleição na Presidência da Câmara

Há quem diga que mesmo quando defendia o nome de Fernando Bezerra para o Governo, Henrique Alves nutria o desejo de ser o nome do partido para a disputa pelo Executivo Estadual. Para não correr o risco de ficar sem mandato depois de 11 mandatos como deputado federal, o presidente nacional do PMDB estudava formas de reunir todos os partidos da oposição ao Governo Rosalba Ciarlini em torno do seu nome para, então, ser o candidato apresentado aos eleitores.

O plano caminhava nesse sentido no final de 2013. Bom, caminhava, pelo menos, para o isolamento do vice-governador Robinson Faria, do PSD, enquanto PT, PSB, PROS, PV, PR e outras siglas acompanhavam o “projeto” peemedebista, mesmo sem qualquer nome confirmado para disputar o Governo pelo partido de Henrique.

A situação mudou quando o PT se aproximou de Robinson. Atualmente, a aliança entre os dois partidos é quase que irreversível, o que provoca uma divisão de forças no Rio Grande do Norte. Henrique tem a mesma média de votos de Robinson nas pesquisas divulgadas em 2013. Fátima Bezerra, do PT, se iguala a Wilma de Faria, do PSB, pelo Senado. Sendo assim, para Henrique, o risco dele ficar sem mandato eletivo em 2015 aumentou.

Por isso, inclusive, Henrique teria tentado até articular com o PT Nacional para tirar o apoio petista a Robinson. Com PT e PSB, o nome lançado pelos peemedebistas teria mais chance de eleição. A hipótese, porém, não anda evoluindo, justamente, pelo estremecimento na relação nacional das duas siglas. Nesse cenário de “divisão de forças”, há quem diga que Henrique não iria correr riscos e buscaria mesmo a reeleição. Fernando Bezerra, então, seria o nome do PMDB para disputar o Governo do Estado.


Ciro Marques
Repórter de Política


FONTE

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