Christophe Simon/AFP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, nesta segunda-feira (18), que a presidente Dilma Rousseff dificilmente voltará ao Palácio do Planalto caso o Senado aprove a abertura do processo de impeachment na Casa.
Essa avaliação foi feita durante reunião com o presidente do PT, Rui Falcão, e representantes de movimentos de esquerda.
É necessária a maioria simples para que o processo de impeachment tenha prosseguimento no Senado. Essa votação deverá ocorrer no início de maio.
Num prazo de até 180 dias depois, os senadores têm que decidir sobre o mérito do pedido de impeachment, cuja aprovação requer dois terços da Casa.
Nesse interregno, Dilma fica afastada do cargo, que passa às mãos do vice-presidente Michel Temer. Numa reunião realizada no Instituto Lula, o ex-presidente admitiu a dificuldade de Dilma reassumir a Presidência depois que Temer ocupe a cadeira e conquiste o poder de negociação com os senadores.
Lula também avaliou como remotas as chances de impedir o prosseguimento do processo no Senado. Rouco e visivelmente cansado, ainda segundo os aliados, Lula ouviu a opinião dos participantes do encontro.
A reunião teve a participação de Guilherme Boulos, coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Gilmar Mauro, líder do MST (Movimento dos Sem Terra), do presidente do PT, Rui Falcão e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, além de presidentes de sindicatos e diretores do Instituto Lula.
"Colocamos a necessidade de construir uma mobilização de forma sistemática contra o golpe", relata Boulos, segundo quem "Lula mais ouviu do que falou" durante as mais de quatro horas de reunião.
"Foi uma conversa para fazer um balanço do que aconteceu ontem e pensar no que vamos fazer", afirmou Rui Falcão, na saída do encontro.
A exemplo de Boulos, Gilmar Mauro propôs uma agenda de mobilização, com nova palavra de ordem, para reverter a situação no Congresso. Ele afirma que o desempenho dos deputados na sessão de domingo (17) pode criar uma reação na sociedade. O dirigente do MST disse que, embora não tenha ainda consenso na reunião, sua opinião é de que não existe chance de o governo se sustentar caso se consuma a saída de Dilma.
"Não há nenhuma chance de o governo Temer/Cunha andar. Nenhuma. A população não deixará. Essa é a certeza que eu tenho e a avaliação que eu faço. Não posso dizer que foi uma avaliação da reunião toda, mas muitos concordam. O que vimos ontem em Brasília foi uma aula de cretinice. Acredito que a partir do que os deputados mostraram para o Brasil, muitas mudanças vão acontecer na consciência das pessoas", completou.
Na reunião, a proposta de antecipação das eleições foi alvo de discussão. A maioria dos participantes lançou dúvidas sobre sua viabilidade.
Na manhã desta terça (19), Lula participará de reunião do diretório nacional do PT para avaliação do cenário. Na quarta-feira, ele prestigiará o ato das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Também na quarta, o STF (Supremo Tribunal Federal) deverá decidir se ele pode assumir um ministério do governo Dilma.
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CATIA SEABRA
CAMILA MATTOSO
DE SÃO PAULO
CAMILA MATTOSO
DE SÃO PAULO
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