Infectologista pediátrico fala sobre os três surtos no Brasil e explica quais sintomas devem chamar a atenção dos pais. Saiba como reconhecer e prevenir
Bebê com manchas vermelhas no corpo (Foto: Thinkstock) |
Mães e pais estão - compreensivelmente - em alerta depois da notícia de que três estados brasileiros têm surtos confirmados de sarampo. Juntos, Amazonas e Roraima contabilizavam, em 2018, mais de 470 casos confirmados e mais de 1,5 mil em investigação. No Rio Grande do Sul, seis casos da doença foram confirmados neste ano. O Rio de Janeiro investiga quatro casos – dois deles com resultado positivo para sarampo. Agora, São Paulo, os dados são do Ministério da Saúde.
“O ano de 2018 foi marcado pela volta dessa doença comum da infância, porém considerada erradicada e que deixa sequelas importantes, além de ser letal para bebês que ainda não foram vacinados”, diz Victor Horácio, infectologista pediátrico do Hospital Pequeno Príncipe. Em 2016 o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo, mas perdeu em março deste ano por causa dos milhares casos da doença registrados no ano passado, principalmente no estado do Amazonas. Para perdê-lo, é preciso haver transmissão sustentada por mais de 12 meses. Seu reaparecimento é uma consequência que condiz com as baixas coberturas vacinais registradas no país.
No último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde em 1º de julho havia 142 casos de sarampo confirmados no Brasil desde janeiro. Desse total, 66 em São Paulo, 53 no Pará, 11 no Rio de Janeiro, 4 em Minas Gerais, 4 no Amazonas, 3 em Santa Catarina, e 1 em Roraima. Ao ser questionado sobre a diferença entre os dados da Secretaria de Saúde do Estado e do governo federal, o Ministério público afirmou que, quando o boletim foi produzido, os novos dados ainda não tinham sido contabilizados.
Com a ajuda do especialista, explicamos a seguir tudo o que você precisa saber sobre os sintomas, o esquema de vacinação e o tratamento do sarampo.
Como o sarampo é transmitido?
- Sarampo é uma doença infecciosa e extremamente contagiosa. A transmissão se dá pelo vírus expelido na tosse, no espirro, durante a fala ou a respiração. A fase mais crítica para o contágio é dois dias antes e dois dias após o início da erupção cutânea.
O que fazer em caso de suspeita de sarampo?
- É uma doença de notificação; portanto, se houver suspeita, leve a criança ao posto de saúde ou ao pronto-socorro.
Sintomas de sarampo
- Os sintomas: o doente apresenta febre alta, acompanhada de tosse persistente, irritação no olho, secreção no nariz e manchas brancas na mucosa bucal. Em seguida, podem vir manchas avermelhadas no rosto, que podem se disseminar até o pé, e que duram 3 dias - é o vírus agindo.
Como tratar o sarampo?
- É necessário isolar o doente para evitar transmissão - nada de levar à escola. Ou melhor: nada de sair de casa nem receber visita. No mais, ele fica prostrado, com febre alta.
- O tratamento, orientado por um médico, é sintomático; recebe-se medicação contra a febre e intensifica-se a hidratação
Sarampo deixa sequelas?
- A doença pode ocasionar diarreia, pneumonia, otite e meningite, ou deixar sequelas importantes, como olho lesionado (úlcera de córnea).
Como se proteger do sarampo? Tudo sobre a vacina
- O único jeito de evitar a doença é tomando a vacina tríplice-viral (sarampo, caxumba e rubéola), disponibilizada pelo Ministério da Saúde gratuitamente nos postos de saúde.
- A primeira dose da vacina deve ser tomada aos 12 meses; a segunda, entre 4 e 6 anos de idade - ou até os 29 anos, caso a pessoa tenha pulado o reforço (confira a caderneta de vacinação).
- Dos 29 aos 49, a vacina também existe nos postos, gratuitamente, mas em dose única.A partir dos 50 anos, a pasta considera que a pessoa já foi exposta ao vírus.
- A vacina vale para vida toda. Mas se você tem dúvida se está imunizado ou não, vale a pena tomar de novo.
- Não podem receber a vacina: gestantes, casos suspeitos da doença, crianças com menos de 6 meses e pacientes imunodeprimidos.
- As grávidas devem esperar parir para tomar a vacina. O ideal é checar, antes de engravidar, via exame de sangue, se a gestante está ou não imunizada. Os obstetras costumam pedir esse exame nas primeiras consultas.
- A vacina é o vírus atenuado. Os registros, raros, de reação são de alergia a algum componente.
- Importante: se você já teve a doença, tranquilize-se, pois já está imunizado.
Por
Milene Saddi com
Agência Brasil -
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