Inicialmente, pagamento era de R$ 3 mil, mas Frei Chico pediu 'aumento' para R$ 5mil
BRASÍLIA — O delator Alexandrino Alencar detalhou como funcionava o pagamento de mesada a Frei Chico, irmão do ex-presidente Lula. Em depoimento ao Ministério Público Federal, ele contou que o sindicalista prestou consultoria para articulação da Odebrecht com o setor sindical antes da eleição do irmão. Depois da posse, ele passou a receber por mês "graciosamente" o que ganhava pelo antigo trabalho. Os pagamentos foram feitos ao longo dos 13 anos de governo do PT. Na planilha da empresa, Frei Chico tinha o codinome de "Metralha". Além de receber recursos, a sua filha foi contratada pela empresa.
Alexandrino fazia pessoalmente os pagamentos mensais em encontros no restaurante "Galetos" do Shopping Eldorado, em São Paulo. Ficou acertado que ele receberia R$ 3 mil por mês, mas como a entrega do dinheiro — em espécie — era feita trimestralmente, o executivo entregava pacotes de R$ 9 mil. Segundo ele, Frei Chico pediu um reajuste e o valor subiu para R$ 5 mil mensais.
Aos procuradores, o executivo da Odebrecht disse que o contato com Frei Chico começou nos anos 90. Explicou que a empresa tinha problemas na área sindical por causa das privatizações.
— Achamos oportuno ter pessoas ajudando na interlocução com os sindicatos — afirmou o executivo.
Foi feito um contrato com o Frei Chico por meio de uma empresa de contratação temporária. Durante seis anos, ele prestava serviços, viajava e prestava as contas do contato com os movimentos sindicais.
— Ele era o irmão de Lula. Tinha esse cartão de visita que era muito importante.
Frei Chico ao lado de foto do Lula -
Divulgação / Arquivo / 16/11/2011
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Alexandrino contou que o relacionamento mudou depois que o irmão Luiz Inácio foi eleito presidente. A conclusão é que a relação com Frei Chico tinha de mudar. E uma rescisão contratual foi feita.
— Ele não poderia prestar esse tipo de serviço. E aí passei a dar para ele uma mesada — disse o delator, antes de ser questionado pelos procuradores se isso seria um pagamento sem contrapartida:
— Gracioso. Isso aí. Uma mesada — conclui o executivo. — Mantive uma mesada para ele durante esses últimos 13 anos. Pelo fato de ser irmão do Lula. sem dúvida nenhuma.
FREI CHICO PEDIU EMPREGO PARA FILHA
O executivo frisou que o ex-presidente sempre soube dos pagamentos feitos a seu irmão. Ele relatou ainda que Frei Chico pediu a Alexandrino que a filha Larissa — estudante de jornalismo — fosse contratada como estagiária. Ele disse que providenciou isso e que a garota mostrou competência e foi contratada.
Outro executivo confirmou a história. Hilberto Silva — também delator — disse que o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht aprovou os pagamentos ao irmão do presidente Lula.
— No caso, existia uma coisa que não era recomendável, mas como também era um valor pequeno e por se tratar de quem se tratava, Alexandrino fazia questão de ele ir pessoalmente receber e levar. Como valor era pequeno, a gente fazia vista grossa, mas a gente não permitia que nenhum executivo funcionário da empresa se envolvesse em transporte de valores — afirmou Hilberto.
Em nota, o Instituto Lula afirma que o ex-presidente Lula e seus familiares tiveram seus sigilos fiscais e telefônicos quebrados, sua residência e de seus familiares sofreram busca e apreensão há mais de um ano, mais de 100 testemunhas foram ouvidas em processos e não foi encontrado nenhum recurso indevido ou ilegalidade cometida pelo ex-presidente.
“Lula jamais solicitou ou recebeu qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou para qualquer outra empresa e sempre agiu dentro da lei antes, durante e depois de ser presidente da República democraticamente eleito por dois mandatos”.
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GABRIELA VALENTE
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