O que está por trás da saída de Paulo André do Parque São Jorge.
O Corinthians não despachou o líder do Bom Senso para a China por acaso. Fez a felicidade da cúpula da CBF e da Globo. As livrou do grande líder dos jogadores do Brasil…
Não é dinheiro que fez Paulo André ir para a China.
Muito pelo contrário, apenas desculpa para o seu exílio.
Há um grande motivo que o fez acabar ser despachado para o outro lado do mundo.
Ele tem o singelo nome de Bom Senso FC.
Enquanto o presidente Mario Gobbi era aliado de Andrés Sanches tudo ia bem.
Tanto que o zagueiro seria e era o capitão do time de Mano Menezes.
Nada do rodízio da tarja como fazia Tite.
Paulo André mostraria a sua importância diante do grupo.
Era apoio ao jogador e ao movimento dos atletas.
Buscando um calendário digno e o fim dos calotes, ele ajudava Andrés.
Porque expunha os maiores inimigos do ex-presidente corintiano.
Cutucava José Maria Marin e Marco Polo del Nero.
O desgaste ajudava Andrés na corrida eleitoral à CBF.
Mas acontece que no meio do caminho, Gobbi se rebelou.
Não suportava mais as interferências de seu mentor.
E decidiu andar pelas próprias pernas.
O exilou no Itaquerão que é uma vitória individual dele.
Mandou dizer que quem mandava no Corinthians era seu presidente atual.
Apressou a saída de Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves.
Afastou ex-bicheiros e tentou neutralizar as organizadas do clube.
O fim da amizade entre os dois aconteceu na eleição da Federação Paulista.
Todos no Parque São Jorge esperavam que Gobbi boicotasse Marco Polo.
Mas ele fez questão de apoiar publicamente o maior inimigo de Andres.
O ex-presidente já estava arrasado.
Percebeu que não teria o apoio da Globo na briga pela CBF.
Marin se antecipou e está fechado com a emissora carioca.
Além de dar aumento e todas as mordomias possíveis para presidentes de Federações.
E ter várias diretorias de clubes da Série A apalavradas com ele.
A vitória de Marco Polo na eleição de abril está praticamente garantida.
Sem saída, Andres abriu mão de sua candidatura para Novelletto.
O presidente da Federação Gaúcha quer ganhar notoriedade nacional.
Nem se importa tanto com o pleito.
Bem ao contrário do ex-presidente.
Aí foi a hora de Gobbi se voltar a Paulo André.
Justo o presidente que terminou o ano indo em palestras com o jogador.
E garantiu que sentia um 'orgulho enorme' ao tê-lo no Corinthians.
Dois meses depois esse orgulho sumiu.
Ele percebeu o quanto o jogador está indispondo o clube com a CBF.
E com a Federação Paulista de Futebol.
E decidiu.
Não teria os principais órgãos do futebol brasileiro contra seu clube.
Embora calado para a imprensa, Paulo André agiu após a invasão do torcedores ao CT.
Trocou mensagens com líderes dos times do país todo.
E principalmente de São Paulo.
A invasão foi no sábado de manhã.
No mesmo dia, ele se reuniu com os jogadores.
E procurou os dirigentes dizendo que eles não iriam enfrentar a Ponte Preta.
Foi quando Mario Gobbi percebeu o poder do jogador.
Primeiro mostrou que a Globo e a Federação Paulista obrigavam o Corinthians a jogar.
Depois decidiu pela saída de Paulo André.
Fosse qual fosse a oferta.
De preferência para o mais longe possível.
Se livraria do revolucionário do Parque São Jorge e ainda agradaria Marin e Marco Polo.
Paulo André percebeu o clima contra ele.
Tudo piorou de vez com a tentativa de greve no Campeonato Paulista.
Se dependesse da opinião do atleta, os jogos não aconteceriam.
Uma rodada seria suspensa.
Mas não dependeu.
Os presidentes dos clubes do Interior ameaçaram de demissão seus jogadores.
E afirmaram que entrariam em campo até com juniores.
Aqueles que aderissem ao movimento seriam punidos.
Paulo André foi surpreendido por jogadores dentro do Parque São Jorge.
Como Emerson.
Ele era um dos principais alvos da invasão.
Se os membros das organizadas o encontrassem a situação ficaria complicada.
Poderia sim ser agredido fisicamente.
Mas foi logo ele que avisou que nem sabia porque estavam falando em greve.
A declaração do atacante foi tudo que a diretoria e Mano Menezes desejavam.
E o jogador teve o apoio do treinador e dos dirigentes.
De dispensável, passou a ser inegociável.
Ficou claro para Paulo André do lado de quem a Comissão Técnica e diretoria estavam.
Todo o fracasso da greve no Paulista recaiu nas costas do zagueiro.
Além do movimento não acontecer, vários atletas importantes se incomodaram.
Não aceitaram a participação do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo.
Órgão que várias cabeças importantes do Bom Senso considerava omisso e patronal.
E que pouco fez em décadas pelos atletas.
Paulo André foi encurralado.
Tanto que fez questão de fazer um desabafo no facebook.
Escreveu o que Gobbi e aliados consideraram sua última ameaça.
"Aos que insistem em me colocar na categoria de 'jogue bola e esqueça o resto', pela ótima vez: desistam."
Como o atleta é humano, seu desempenho nos gramados caiu.
Psicologicamente afetado estava jogando muito mal.
Acabou, não havia mais o mínimo motivo para o Corinthians segurá-lo.
Foi quando surgiu a proposta do Shanghai Shenhua.
Na noite de ontem tudo foi praticamente fechado.
A desculpa será perfeita para imprensa e torcedores.
O jogador tem 30 anos e o clube apenas 30% dos seus direitos.
Seu contrato terminaria no final do ano.
A partir de junho ele poderia assinar pré-contrato com outro clube.
E sair de graça.
Os dirigentes não querem informar o valor da proposta.
Só dizem que é 'milionária'.
Tudo isso na verdade é jogo de cena.
Ao ser contratado no lugar de Tite, Mano avisou.
Paulo André seria seu líder e jogador imprescindível.
Só que o Bom Senso FC o desgastou demais no Parque São Jorge.
E ele está indo embora porque estava atrapalhando politicamente o clube.
Será um golpe enorme no movimento modernizador dos atletas.
A visão do capitão corintiano é privilegiada, sua inteligência rara.
Mas foi ingênuo.
Se expôs muito.
Deu coletivas no Parque São Jorge falando mais do Bom Senso do que do clube.
Não soube separar as coisas.
E acabou se tornando um estorvo.
Por isso terá de fazer as malas e ir para o outro lado do mundo.
Gobbi faz um imenso favor a Marin e Marco Polo.
Anula a maior liderança do Bom Senso.
Agrada também, de passagem, a TV Globo.
Executivos podem ficar tranquilos.
A ameaça de greve no Brasileiro acaba com a saída de cena do zagueiro.
E ainda Gobbi mostra o quanto ajudar Andres não lhe interessa.
Paulo André foi apenas mais um peão no xadrez de quem manda no futebol.
Como Afonsinho, Sócrates e Casagrande paga por pensar.
Por tentar ser revolucionário.
Depressivo, desgastado, derrotado.
Assim ele fará as malas para seu exílio na China.
Quem representará agora os jogadores contra os dirigentes?
Emerson Sheik?
Por isso o futebol brasileiro é tão atrasado.
Qualquer dúvida, pense em Marin.
E hoje de manhã ele acordou muito feliz.
Graças ao Corinthians.
Que despachou um grande inimigo seu para a China...
FONTE: http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/
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