sexta-feira, 4 de abril de 2014

PADRE JOÃO MARIA SERÁ BEATIFICADO

RN aguarda beatificação de Padre João Maria

Envolto na agitação do centro de Natal, a praça Padre João Maria, guarda o busto do potiguar e a prece de seus devotos, embala por velas, flores e olhares de admiração. O padre que ajudou na construção da antiga Catedral, em Cidade Alta, e morreu em 1905, aos 57 anos, por varíola, poderá ser o primeiro santo do Rio Grande do Norte. Desde 2002 se espera que isso aconteça. O único empecilho para a concretização é a comprovação científica de um milagre.

João Maria Alves
Na Praça Pe. João Maria, fiéis agradecem graças alcançadas
O processo foi aberto e permanece em Roma, onde consta histórico do padre, assim como a comprovação de devoção e localização de santuários - além da praça em seu nome, em Natal também existe uma igreja chamada Padre João Maria, no bairro Tirol. O cônego José Mário, pároco da igreja Bom Jesus das Dores, na Ribeira, e postulador da Causa dos Santos, já esteve em Roma por três vezes no ano passado para tratar de questões relativas ao processo. 

“A igreja aguarda apenas o milagre. Ele já é santo no coração dos potiguares”, declara o vigário paroquial da igreja Nossa Senhora de Lourdes, padre Robério Camilo. Ele recorda ainda de outros beatificados potiguares, como a irmã Lindalva, recentemente reconhecida, e os mártires de Cunhaú e Uruaçu.

O padre João Maria nasceu em uma fazenda que pertencia ao município de Caicó, mas que hoje fica localizada em Jardim de Piranhas. Era reconhecido pela sua piedade, na ajuda aos pobres, especialmente nos tempos de seca, conta Camilo. Também era destacado por abrir mão de presentes de valor financeiro, e preferir distribuir, ou doar, com os pobres. 

“Naquele tempo, quando tinha seca no sertão, ele acolhia os retirantes. Assim como acolhia os doentes durante as epidemias”, relata padre Robério. Inclusive foi assim que ele morreu, acometido de varíola; doença que combateu com fervor durante a epidemia que invadiu o Nordeste brasileiro nas três décadas finais de sua vida. 

Passados os anos, o acolhimento ainda está na mente e coração de seus devotos, a exemplo de Georgina Maria da Silva, 52. Ela conta que todas as vezes que está na cidade se desloca até a praça a fim de fazer uma oração ao padre. “Para mim ele é santo há muitos anos. Mas, como tem que beatificar, que seja beatificado”, diz. 

Além de novas preces, a doméstica vai ao padre para agradecer por dois milagres: um relacionado a seu neto, que nasceu com deficiência no braço. “Ele nasceu com o cordão umbilical enrolado ao braço. Não tinha força para movimentar”, diz. Quando o garoto fez dois anos, sadio, ela levou uma foto e pregou no santuário do padre.

Francisco Canindé Pessoa, 70, vai todos os dias à praça. Ele para em frente da imagem, molha as mãos com água já depositada num balde, e se benze com gestos de cruz sobre a cabeça. “Ele é milagroso. O que pedir a ele, se alcança. Para mim, ele já é santo”, relata.



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