A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprou ontem 12 mil toneladas de milho para atender o Rio Grande do Norte e espera – com esse reforço - normalizar a oferta do produto a partir de junho no estado.
Adriano Abreu
Armazém da Conab no Planalto: Milho é vendido por preços
abaixo do mercado aos criadores, mas o estoque está reduzido.
O milho é vendido mais barato a criadores de gado e de outros animais, para ser usado como ração, mas há meses a oferta está irregular e vem gerando queixas.
As 12 mil toneladas compradas ontem foram arrematadas em leilão e fazem parte de um bolo maior, de 28 mil toneladas, das quais 16 mil devem atender a Paraíba. No Rio Grande do Norte, o milho deve ser entregue entre 6 de junho e 12 de julho e deve melhorar os níveis de estoque da Conab, hoje reduzidos a 10% da capacidade total de 34,5 mil toneladas.
Um carregamento recente do produto chegou à unidade da Conab no conjunto Planalto e atraiu centenas de produtores rurais ontem, em busca do suprimento.
Tumulto
O produto, arrematado em um leilão anterior, chegou com quase um mês de atraso, o que deixou produtores em níveis “críticos” de estoque e causou tumulto na distribuição realizada ontem pela manhã, na unidade. Das 5,5 mil toneladas arrematadas neste leilão, anterior ao de ontem, somente 400 toneladas foram entregues de segunda-feira até ontem.
Com a notícia da chegada das carretas houve grande movimentação de produtores vindos de vários pontos da cidade. O microprodutor João Gomes Filho, de Portalegre, na região Alto Oeste, chegou às 4h da manhã e conta que recebeu a ficha 245, na organização feita entre eles. “Houve tumulto, confusão, mas eles acabaram atendendo todo mundo com até 10 sacas (600 quilos)”, afirma.
Durante cerca de três semanas, as vendas estiveram suspensas devido a problemas na logística de transportes do produto vindo do Mato Grosso. A demora somada a diferença de valores praticados no mercado justificam a alta procura. João Gomes estima que para adquirir os mesmos 600 quilos no varejo desembolsaria cerca de R$ 550 a R$ 570. “Pela Conab, gastei R$ 182. O ideal seria poder comprar mais, mas já dá um alívio para o gado”, afirma.
A gerente de unidade Zozimara Silva dos Santos, conta que há menos de dois anos cerca de mil produtores rurais eram atendidos. Com a seca, o número saltou para quase 4 mil. “Mas o volume (de milho) é o mesmo que antes”, afirma.
Para contornar o tumulto ontem, foi feito o atendimento a todos que buscavam a cota de até 600 quilos. Para os demais produtores os atendimentos foram agendados para os dias 23,24 e 27 deste mês.
Por dia, são atendidos cerca de 80 pessoas e comercializadas em torno de 150 a 170 toneladas de milho na unidade. “Acredito que, por dia, até a segunda-feira atenderemos 200 toneladas/dia”, afirma Zozimara Silva. A previsão é que mais duas carretas cheguem à unidade até o final da semana, segundo a gerente. Do novo leilão, a unidade terá outras 3 mil toneladas garantidas.
As 28 mil toneladas de milho em grãos ensacado, de produção nacional, arrematados em leilão, serão entregues pelos vencedores diretamente nos armazéns e pólos de distribuição da companhia nos no RN e Paraíba, para posterior comercialização, a preços subsidiados, por meio do Programa de Vendas em Balcão, a pequenos criadores e cooperativas de municípios atingidos pela estiagem prolongada.
A Conab Nacional descartou a possibilidade de importação do produto da Argentina ou de outro país para incremento do embarque para o Rio Grande do Norte, à exemplo do ocorrido na Bahia.
Por meio da assessoria de imprensa, a Companhia Nacional de Abastecimento explicou que no caso específico da Bahia, as 20 mil toneladas de milho foram adquiridas por leilão pela Nidera, uma empresa nacional que, ao vender o milho para o governo, assumiu o compromisso de entregar a carga, a granel, nos armazéns portuários do estado vizinho.
“Por questão logística, o vendedor optou por deslocar para Salvador uma carga que vinha da Argentina e iria para os Estados Unidos. Este é um caso isolado, uma decisão da fornecedora (Nidera)”, informou a Conab.
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