A expectativa é que os cardeais terão até o dia 20 de março para iniciar o conclave que escolherá o novo papa
Cidade do Vaticano Autoridades do Vaticano disseram ontem aos cardeais reunidos para a eleição do próximo papa para não falarem mais com a mídia, depois de mais indicações de que um conclave não iria começar na próxima semana, como era esperado.
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Enquanto muitos observadores esperavam que o conclave começasse no próximo domingo ou segunda-feira, vêm aumentando as indicações de que os cardeais querem mais tempo para refletir
Cardeais norte-americanos que tinham agendada uma terceira coletiva de imprensa em três dias cancelaram o evento menos de uma hora antes do previsto no Colégio Norte-Americano, em Roma, onde eles estão hospedados.
Uma porta-voz dos cardeais norte-americanos disse que a "preocupação" foi expressa na reunião de ontem a portas fechadas "sobre vazamentos de procedimentos sigilosos reportados em jornais italianos".
Mais de 150 cardeais participaram do terceiro dia das reuniões preliminares para esboçar um perfil para o próximo papa após a surpreendente renúncia de Bento XVI no mês passado. Todos menos dois dos 115 "cardeais eleitores" com menos de 80 anos chegaram para as reuniões, informou o Vaticano.
Em seus briefings, os cardeais norte-americanos não revelaram detalhes, mas falaram em geral sobre o processo, bem como suas esperanças e preocupações sobre o estado da Igreja Católica em um momento crucial de sua história.
Perguntado sobre o cancelamento do briefing dos EUA, o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que as reuniões pré-conclave, conhecidas como congregações gerais, tinham que ocorrer em um clima de "muita confidencialidade".
Cardeais de outros países também vinham falando com a mídia informalmente nas ruas perto do Vaticano, mas os norte-americanos eram o único grupo que realizava encontros formais diários. O cancelamento significa que a única fonte oficial de informação virá do porta-voz do Vaticano. Sob a lei da Igreja os cardeais têm até 20 de março para iniciar um conclave para escolher um novo papa para liderar a Igreja.
Enquanto muitos observadores esperavam que o conclave começasse no próximo domingo ou segunda-feira, vêm aumentando as indicações de que os cardeais querem mais tempo para refletir sobre quem dentre eles poderia ser melhor para liderar uma Igreja assolada por crises. Vários dos prelados deixando as reuniões disseram que os procedimentos preliminares estavam ainda nas fases iniciais e mais tempo seria necessário antes que pudessem decidir sobre quando começar o conclave na Capela Sistina.
Trabalhadores começaram a preparar o local da votação, construindo um piso suspenso para proteger azulejos centenários.
Pedofilia
Uma associação americana de vítimas de abusos sexuais por padres pedófilos publicou ontem uma lista de 12 possíveis "papáveis´ que não deveriam ser votados e exortou à Igreja Católica a levar a sério a proteção das crianças, a ajuda às vítimas e as denúncias de corrupção.
"Queremos dizer aos prelados católicos que deixem de fingir que o pior já passou sobre o escândalo de pedofilia dentro da Igreja", declarou David Clohessy, diretor da Rede de Sobreviventes de Abusados por Padres (Snap, na sigla em inglês).
Candidatos
"Tragicamente, o pior com certeza ainda estar por vir", acrescentou. A organização citou uma dúzia de cardeais da Argentina, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Gana, Honduras, Itália, México e República Tcheca, acusados de proteger os padres pedófilos ou de terem feito declarações defendendo os padres ou minimizando a situação.
Todos eles são considerados candidatos para suceder o papa Bento XVI, criticado pela forma como conduziu os escândalos. A Snap também se opõe à eleição de qualquer membro da Cúria romana para administrar a Santa Sé. "Acreditamos que ninguém de dentro do Vaticano tem verdadeira vontade de ´limpar a casa´ no Vaticano e em outras partes", indicou Clohessy em um comunicado à imprensa.
A lista proibida inclui os seguintes cardeais: Leonardo Sandri, da Argentina; George Pell, da Austrália; Marc Ouellet, do Canadá; Timothy Dolan (Nova York), Sean O´Malley (Boston) e Donald Wuerl (Washington) dos Estados Unidos; Peter Turkson, de Gana; Oscar Rodríguez Maradiaga, de Honduras; Tarsicio Bertone e Angelo Scola da Itália; Norberto Rivera Carrear, do México; e Dominik Duka, da República Tcheca.
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