quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ELEIÇÕES 2014 NO RN

Robinson Faria pode se filiar ao PMDB e ser o nome para disputar o governo do RN

Imagem/Google
O vice-governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), poderá retornar às origens partidárias, o PMDB, e disputar o governo do Estado pelo partido dos líderes Henrique Eduardo Alves e Garibaldi Alves Filho. Conversas neste sentido já acontecem e visam harmonizar os projetos tanto do PMDB, que rompeu com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e quer apoiar um candidato para o governo, quanto do vice-governador, que deseja ser este candidato.

O PMDB reafirmou ontem, durante reunião com prefeitos, vice-prefeitos e lideranças do partido, o afastamento político em relação ao governo Rosalba Ciarlini (DEM) e a necessidade de ter candidato próprio a governador. Apesar disso, o partido não definiu um nome para representar a legenda no pleito de 2014.

A dificuldade acontece porque as principais lideranças da sigla, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, e o líder do PMDB na Assembleia Legislativa, Walter Alves, descartam encarar a candidatura a governador no próximo ano.

Principal liderança eleitoral do PMDB, Garibaldi apelou durante o encontro de ontem para que “esquecessem” do nome dele enquanto candidato a governador. Walter Alves, por sua vez, anunciou o projeto de disputar a reeleição para a Assembleia Legislativa. Já Henrique trabalharia com a hipótese de reeleição para a Câmara dos Deputados, com vistas a tentar se reeleger presidente da Casa.

Aos mais íntimos, Garibaldi tem revelado “preocupação” com a falta de candidatos no PMDB. Chegou a circular, entre peemedebistas, que o plano “A” do partido seria a candidatura de Henrique; o “B”, a de Walter Alves; o “C”, o apoio à candidatura do atual prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, que é de outro partido, o PDT; e que, somente em último caso, Garibaldi assumiria uma candidatura, como plano “D” do PMDB.

A declaração de Garibaldi, ontem, pedindo para “esquecê-lo” como candidato, foi interpretada, contudo, como um claro sinal de que os planos do PMDB para a sucessão de 2014 foram exauridos sem sucesso. O próprio Carlos Eduardo teria refletido sobre os riscos de renunciar a Prefeitura de Natal e teria desistido da ideia de ser candidato, já que ele perderia a maior Prefeitura do Estado e poderia ter insucesso eleitoral na disputa pelo governo e ficaria sem mandato. Neste cenário, portanto, Robinson pode surgir como plano “E”, transplantado para plano “A” do PMDB.

FILIAÇÃO

Entretanto, para vir a ser o nome do PMDB ao governo do RN, Robinson precisaria vencer algumas etapas, entre elas, renunciar à presidência do PSD e assinar ficha de filiação ao PMDB, num ato em que o partido de Henrique, Garibaldi e Walter lançaria o nome de Robinson para governador. Tudo isso, porém, precisa necessariamente acontecer até o próximo dia 05 de outubro, data limite para os que vão disputar as eleições do próximo ano estarem filiados a uma legenda devidamente regularizada. Portanto, uma operação que precisa estar equacionada em 18 dias.

Caso decida se filiar novamente ao PMDB, Robinson retornará às suas origens políticas, haja vista ele ter iniciado na vida pública através da legenda do saudoso ministro Aluizio Alves. Graduado em Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Robinson foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1986, sendo reeleito por cinco vezes seguidas.

Foi presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte de 2003 a 2010. Nas eleições estaduais em 2010, elegeu-se vice-governador potiguar, na chapa encabeçada por Rosalba Ciarlini. Em 2011, anunciou rompimento com Rosalba e levou seu grupo político para a oposição ao governo.

CONVERSAS

Pelas conversas de bastidores, a possibilidade de Robinson ir para o PMDB não é novidade. Robinson já teria sido “sondado” sobre a possibilidade de se filiar ao PMDB. Na sexta-feira da semana passada, ele almoçou com o ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB). Foi o primeiro encontro de Garibaldi com a oposição após o rompimento do PMDB com Rosalba Ciarlini. Participaram da conversa os deputados José Dias (PSD) e Walter Alves (PMDB).

Nesta segunda, no encontro do PMDB, o ministro Garibaldi pediu para que os peemedebistas o “esquecessem” enquanto candidato do PMDB a governador. O ministro disse ainda que, em 2014, o PMDB não poderá prescindir dos partidos da oposição para chegar ao poder. O próprio Garibaldi se prontificou a fazer a “ponte” entre o PMDB e os partidos da oposição, PSD, PSB, PC do B, PDT e PT.

As palavras do ministro foram interpretadas como um “sinal” de que o PMDB poderá não só dialogar, mas apoiar outras legendas que tenham candidato ao governo, como é o caso claro do PSD de Robinson Faria. E mais: as palavras do peemedebista apontam que haverá aliança entre essas legendas, com vistas ao lançamento de uma candidatura ao governo e ao Senado. A ausência de candidatos no PMDB, com a candidatura já nas ruas de Robinson Faria ao governo, poderia significar a harmonização dos projetos dessas duas legendas.

Faria: “Sinto-me muito honrado com essa sinalização”

O vice-governador Robinson Faria disse ontem, durante entrevista ao “Jornal das Seis”, da FM 96, que o que vale no político é o cumprimento da palavra, a credibilidade e o comprometimento, e não o partido. Ele se disse “honrado” com a sinalização de que o PMDB poderia lançá-lo a governador, em caso de ele se filiar ao partido, entretanto, acaba de formar o PSD no Estado. Robinson, porém, não descartou de todo esta possibilidade, podendo se concretizar havendo uma sinalização mais concreta por parte dos peemedebistas.

“Política se faz com confiança. O fato de estar filiado ao PMDB, não significa dizer que, se for eleito, será bom governador para o PMDB. O que vale é o cumprimento da palavra, a credibilidade, o comprometimento da pessoa. Não importa o seu partido. Se o PMDB tiver uma parceria com o meu partido, o PSD, é lógico que iremos reconhecer nessa parceria a importância que será fundamental do apoio do PMDB. A vida é feita disso, de credibilidade, de cumprir a palavra, de parceria. A legenda não significa o cumprimento da palavra”, disse o vice-governador, ao ser abordado sobre a possibilidade de se filiar ao PMDB.

Robinson se disse “muito honrado” com a sinalização. “Me sinto muito honrado com essa sinalização”, afirmou, deixando em aberto, mas sobretudo demonstrando surpresa com a proposta. Robinson comanda um partido importante no Estado, com 22 prefeitos, 19 vice-prefeitos e dezenas de vereadores. No entanto, a determinação de assumir o desafio de governar o Estado o faz pensar nas mais diversas possibilidades de aliança política.

“Eu acho que precisamos avançar no diálogo. O que é mais importante, estar filiado ao PMDB ou cumprir com o partido rigorosamente, como já fiz em toda a minha carreira política com quem foi meu parceiro? Será que há dúvida dos deputados do PMDB, que já estiveram comigo na Assembleia, do deputado Walter Alves, eles sabem do compromisso que tenho com a minha palavra? A filiação é apenas um ato simbólico, de estar no PMDB. Se vierem a apoiar meu nome para governador, qual diferença faz para cumprir e governar junto com o PMDB?”, questionou Robinson. A resposta a essas questões poderá tanto levar o PMDB a apoiar Robinson como candidato a governador pelo PSD, quanto levar Robinson a se filiar ao PMDB para ser o candidato do partido a governador.


Deputado Nélter Queiroz: “Não podemos descartar o apoio a Robinson Faria”

O deputado estadual Nélter Queiroz (PMDB) disse hoje, em entrevista ao “Jornal da Cidade”, da FM 94, que o PMDB não pode descartar apoiar o vice-governador Robinson Faria (PSD) para o governo do Estado. Ele disse ser possível este apoio, mas que o PMDB também está lutando para ter candidato próprio. “É possível, acho que é possível tudo, nós não podemos descartar. Como é que eu posso vetar Robinson? Robinson poderá vetar também o PMDB. Eu acho que ninguém pode vetar ninguém. Claro que Robinson tem que lutar, e ele está lutando, para ser o candidato a governador, é o desejo dele e do seu partido. Nós do PMDB estamos lutando para o PMDB ter o seu candidato a governador e tudo é conversando”, avaliou Nélter.

Nelter disse que “tudo isso é possível acontecer”, mas defendeu que o PMDB, não indicando o candidato ao governo, aponte o candidato ao Senado. “O que não pode é o PMDB não indicar nem o senador, nem o candidato a governador”, afirmou. “Nós temos que, pelo menos, manter ou um senador ou um governador. Torcemos para que seja um governador do Estado. Robinson é um grande nome”, afirmou o deputado estadual.

Nélter destacou ainda que a definição do cenário nacional será importante para o fechamento dos palanques, o que será decisivo tanto para a definição do futuro político de lideranças como Wilma de Faria, quanto de Fátima Bezerra. Sobre o prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), Nélter afirmou que acredita que o prefeito não quer ser candidato a governador. “Até porque ele está muito novo, fez uma bela administração, está voltando, recuperando Natal desse desgaste que passou. Eu acho que Carlos vai fazer a sua administração e com certeza no futuro ele deverá chegar ao governo do Estado ou a um cargo no Senado Federal”.


Por: Alex Viana

FONTE

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