sexta-feira, 9 de março de 2012

O AVANÇO DO MAR EM PONTA NEGRA

UFRN vai monitorar orla de Ponta Negra à Redinha



As idas e vindas do mar em Ponta Negra destruíram o calçadão de um dos pontos turísticos mais conhecidos do Brasil, trazendo à tona um questionamento: em uma medida de prevenção, como determinar até onde a água do mar chegará nos próximos anos? Aqui no Estado, os estudos existentes não oferecem um  prognóstico preciso. De acordo com o professor do  Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Werner Farkatt, os levantamentos atuais permitem apenas afirmar que o avanço é natural e deve ocorrer em menor ou maior grau ao longo do tempo, sem grandes consequências.

Júnior SantosOntem, na maior maré registrada este ano, as águas chegaram até o calçadão de Ponta NegraOntem, na maior maré registrada este ano, as águas chegaram até o calçadão de Ponta Negra

Para definir em quais regiões o avanço se dará e em quanto tempo isso deve ocorrer, o professor explica que seria necessário ter acesso a registros históricos da região, informações que não existem. Essa realidade,  contudo, deve mudar em breve. Na próxima semana, o departamento  de Geologia, juntamente com o departamento de Geografia e o laboratório de Geoprocessamento da UFRN, deverão iniciar os procedimentos que possibilitarão o registro de tais previsões. Os primeiros resultados, no entanto, serão divulgados daqui a 14 meses.

O processo contempla um ciclo  completo de estações do ano e leva em conta, ainda, as variações  proporcionadas pelas mudanças de maré, e por isso leva tempo. "Começaremos em Ponta Negra e chegaremos até as proximidades do Hotel Praia Mar. A etapa seguinte deve contemplar a faixa litorânea que vai de Ponta Negra ao Rio Potengi, mas não há previsões de início para a segunda parte", conta o professor. O trabalho se dá através da instalação de marcos geodésicos e de sondas de varreduras  que produzirão imagens capazes de    identificar o comportamento da nossa orla. São equipamentos de alta tecnologia que colocam o Rio Grande do Norte na vanguarda desses estudos.

A equipe monitora, atualmente, o litoral setentrional do Rio Grande Norte, que vai do município de Touros ao limite com o Ceará. Nas localidades foi observado um avanço razoável, indicado pela observação de um processo erosivo relativamente natural. "Esse processo ocorre em todo Brasil. A culpa não é do mar, e sim da ocupação irregular do homem", explica Werner Farkatt. Segundo o professor, os níveis do oceano no do Rio Grande do Norte não apresentaram grandes variações ao longo dos últimos anos, principalmente em Ponta Negra.

De acordo com os cientistas que compõem a equipe, essa "invasão", é constante mas pode -  nas próximas centenas de anos - recuar. Os prognósticos mais otimistas mostram um aumento de 18 cm a 59 cm do nível do mar nos próximos 100 anos. Em áreas urbanas, esse avanço é mais notado, devido a destruição de equipamentos urbanos. Quando a temperatura das águas muda, muda também o comportamento das correntes oceânicas e dos barrancos de areia.   Se o ambiente da orla é modificado pela ação humana,  as ondas e bolsões de areia irão se adaptar de uma outra maneira,  o que tem provocado os estragos dos últimos meses em Ponta Negra.

Um porém

A tese de doutorado de Michael Vandesteen Silva Souto, do Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica   traz desde a perspectiva mais pessimista até a mais otimista para a orla do nosso Estado. Na perspectiva mais otimista, quando o nível do mar se elevaria "somente" um metro, o RN teria 15 cidades atingidas, entre elas Natal, Guamaré, Macau, Extremoz, Caiçara do Norte, São Bento do Norte, entre outros.

Quando os cenários vão se agravando, com a elevação do nível do mar crescendo, vão-se incluindo outros municípios como Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Touros, Rio do Fogo, até chegar ao número de 23 municípios, sendo 12 na porção mais ao Norte e 11 na porção mais ao sul. Mais uma vez, as áreas do litoral setentrional - depois de Touros - são as mais afetadas. "Sem dúvida preocupa a situação nessas áreas, porque serão mais afetadas. Nos municípios depois de Touros, existem barreiras naturais que amenizam esses efeitos", afirmou o também professor de geologia Venerando Amaro, em entrevista concedida a Tribuna do Norte no final de  2010.  Outros relatórios fixam essa variação entre um e seis metros, mas para que isso ocorra é necessário que todos os fatores - como mudanças climáticas e nas placas tectônicas - ocorram simultaneamente ao logos das décadas, o que é improvável.

Influência das Marés - Como ocorre:

 Maré é o movimento periódico de elevação ou diminuição do nível médio das águas do mar. Ela é causada principalmente pela força de atração gravitacional da lua sobre a terra e pelo movimento de rotação do sistema Terra - Lua em torno de seu centro de massa.

O "bulbo" voltando em direção à lua é devido principalmente à força de atração gravitacional e o bulbo oposto à lua é devido à força centrípeta produzida pelo movimento da terra em torno do centro de massa do sistema terra-lua. As marés variam de acordo com as fases da lua. Quando lua, terra e sol estão alinhados na Lua Nova e na Lua Cheia, a maré é chamada de maré de sizígia, e é durante essa fase que são observadas as maiores variações no nível médio dos oceanos.

Fonte:  Tribuna do Norte

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